Em uma recente viagem à Tanzânia, ouvi a palavra “Zuri” (que significa bonita/bonito em suaíli) e achei encantadora. Pensei que seria o nome perfeito para essa fiapinha de manga, a mais nova integrante canina do Cachorro Verde.
Zuri foi resgatada na região de Monte Mor/Hortolândia, interior de São Paulo, por protetoras de Campinas. Ela estava gestante de sua terceira ninhada 😓. Após o nascimento dos seis filhotes, foi transferida para a ONG @empatatia. Infelizmente, quatro dos filhotes morreram de parvovirose nas primeiras semanas de vida, e Zuri foi diagnosticada com duas doenças do carrapato. Depois de tratada e recuperada, foi colocada para adoção.
Um dia, rolando a tela do Instagram, deparei-me com as fotos dessa baixinha e fui imediatamente arrebatada por seu olhar expressivo e sua pelagem pretinha. Eu nem pensava em acolher outro cachorro tão cedo, ainda sentindo a partida da minha Polly. Mas naquele instante, parei tudo o que estava fazendo e preenchi o detalhado formulário de adoção com uma ansiedade que só cresceu nos dias seguintes, enquanto as queridas mulheres da @empatatia analisavam os candidatos. Quando fui informada de que havia sido escolhida, a sensação foi como ganhar na loteria! Eu mal podia acreditar que seria a guardiã dessa pequena.
Ao mesmo tempo, confesso que me senti despreparada, acreditam? Enferrujada. Logo eu, que diariamente oriento tutores sobre como tornar seus cães mais saudáveis e felizes. Mas a verdade é que a Polly havia se tornado uma companheira tão redondinha, tão entrosada na minha vida… E ela foi a última doguinha a entrar na minha rotina, lá em 2008. Naquela época, eu era uma Sylvia diferente. Minha casa era outra, meus pets eram outros, e minha vida também era outra.
Ainda não completamos um mês juntas, mas o processo de nos conhecermos e aprendermos a nos comunicar tem sido revigorante. Tenho devorado livros sobre comportamento canino (uma área em que, admito, sou bem limitada), me esforçado para aclimatar Zuri com meu casal de gatos e, acima de tudo, vivido intensamente cada instante deste novo relacionamento.
O tratamento da anaplasmose e erliquiose, as doenças do carrapato que a Zuri teve, é uma cacetada: quase um mês de antibiótico. Isso afeta terrivelmente a microbiota intestinal, causando disbiose e aumentando a permeabilidade intestinal, o que pode gerar alergias e alterações digestivas. Dito e feito: Zuri se coça e no início teve colite.
O cocô normalizou rápido com Alimentação Natural, caldo de ossos, carvão ativado, probiótico e psyllium. Quando chegou Zuri tinha uma coceira moderada que hoje é leve. Com o restauro da mucosa intestinal a coceira poderá diminuir ainda mais. Estou caprichando em ômega-3, vegetais prebióticos, nutracêuticos (PEA, quercetina, bromelina) e darei início a um tratamento homeopático com as ótimas Dras. Sandra e Andrea da @homeopatiavet_oficial
No começo a Zuri rejeitava ovo cozido, verduras, tubérculos e frutas. Fui insistindo e o paladar rapidamente se expandiu. Hoje lambe até as casquinhas de vegetais e lasquinhas de alho cru que sobram na tigela. Passou a gostar de melão, banana e maçã. O engraçado é que com a Polly foi a mesmíssima coisa.
Por falar em dieta, Zuri já experimentou (e aprovou): a dieta crua sem ossos liofilizada da @374pets, a cozida low carb antiox @pet_delicia, a AN crua sem ossos da @original_barf e três modalidades de AN que preparei: cozida, crua com e sem ossos. Mas a dieta favorita dela, que adora mastigar um ossinho, é a crua com ossos.
Assim como a Polly, Zuri é moleca e curiosa. Caminho super ligada nos ossos cozidos e pedaços malcheirosos de comida que ela encontra. Meus bolsos das calças vivem com farelos de carnes desidratadas que ofereço como substituto nesses momentos. Pula com a maior facilidade portões de um metro de altura. Tem um drive de presa considerável e adora rolar numa carniça.
Me sentindo meio despreparada para educar a Zuri, antes mesmo de ela chegar procurei ajuda. Fiz o ótimo curso online da @camillichamone, o Descãoplica. Com as orientações do curso organizei uma rotina física e mentalmente estimulante para a baixinha e que favorecesse um comportamento equilibrado e a disposição em aprender.
Minha rotina é corrida. Atendo consultas, estudo, pratico atividade física, limpo a casa, cuido dos gatos, crio conteúdo. Saímos para passear às 6h, proporciono a ela algumas atividades ao longo do dia envolvendo alimentos, fazemos 1-2 sessões rápidas de treino de comandos básicos, e no final do dia temos um último passeio. Tem dado certo!
Entretanto, precisei de orientação individualizada para apresentar os gatinhos à Zuri. Entrou em cena a bióloga comportamentalista @ju_estadella cujas técnicas suavizaram as tensões felinas e canina em poucas semanas. Todos os dias me comporto e me comunico com os três peludos como ela orientou e me aprofundo lendo os materiais que ela me indica. (Que área fascinante, essa do comportamento!)
Zuri é uma cachorrinha dengosa, esperta, receptiva com pessoas, indiferente a cães, atiçada por ratos e aves, que dorme a noite todinha, não sabe brincar com brinquedos, adora passear, não tem medo de tempestades, prefere fazer xixi e cocô na rua e está aprendendo rapidamente a compartilhar recursos com os gatinhos e não persegui-los.
Agradeço todas essas mulheres fantásticas envolvidas com o acolhimento e bem-estar da Zuri, em especial à Bruna da ONG @empatatia – obrigada por confiar essa criaturinha maravilhosa aos meus cuidados.
Sylvia Angélico
Médica Veterinária
pós-graduada em Nutrição Animal
CRMV-SP 29945
Comunicado Cachorro Verde
As informações divulgadas em nossas postagens possuem caráter exclusivamente educativo e não substituem as recomendações do médico-veterinário do seu cão ou gato. Por questões ético-profissionais, a Dra. Sylvia Angélico não pode responder certas dúvidas específicas sobre questões médicas do seu animal ou fazer recomendações para seu pet fora do âmbito de uma consulta personalizada. Protocolos de tratamento devem sempre ser elaborados e acompanhados pelo médico-veterinário de sua confiança.
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