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Fonte: http://www.rodneyhabib.com/

Quem já passou em consulta comigo ou lê meu site sabe que indico fugir de petiscos de couro tratado, como os “ossos” (entre aspas, porque de osso mesmo não têm nada) de couro bovino, aqueles mega populares, com nós nas pontas. Sim, aquele que o seu peludo provavelmente aaamaaaa roer.

Recentemente, o blogueiro canadense Rodney Habib, super entendedor de comida saudável para cães, publicou uma matéria elucidando o processo de manufatura do petisco nos Estados Unidos e no Canadá. Não sei como é o processo aqui no Brasil, mas as informações são de arrepiar. Acompanhe minha tradução e adaptação.

“Apesar de não faltarem histórias horripilantes circulando pelas mídias sociais sobre pets que passaram por cirurgias de emergência por obstrução causada pela ingestão de ossos de couro, a maioria dos tutores de cães da atualidade, principalmente os novatos, acreditam que esse petisco é algum tipo de palito de carne desidratada. Deixe-me desconstruir esse mito agora mesmo.

O “osso” de couro não é um subproduto da indústria de carnes, nem é feito de carne. Na verdade, esse “osso” é o subproduto da indústria de couro, então, teoricamente é um petisco… de revestimento. Soa bem, né? :/

Segundo uma matéria da revista norte-americana The Bark, a produção do osso de couro começa com a separação da pele do boi em camadas. A parte de cima é geralmente pigmentada e vai virar couro, enquanto que a porção interna, no seu estado bruto, cru, é destinada à produção dos ossos de couro.

Então, como é que esse couro, que depois é convenientemente enrolado em lindas formas, se transforma no tal “osso”? Eis um tutorial publicado pelo site The Whole Dog Journal alguns anos atrás:

1º PASSO: Normalmente, peles de bovinos são enviadas dos abatedouros aos curtumes para o processamento da matéria-prima. Essas peles são tratadas com um banho químico (!) que ajuda a preservar o produto e evitar que apodreça durante o transporte.

No curtume, as peles são mergulhadas e tratadas com lixívia e serragem de madeira ou uma mistura tóxica de sulfito de sódio. O processo ajuda a remover pelos e a gordura que podem estar aderidos ao couro. Depois, o couro é novamente tratado com químicos que ajudam a “inflá-lo”, facilitando o processo de separação da pele em camadas.

A parte externa do couro é destinada a indústria de revestimento para bancos de carro, roupas, sapatos, bolsas etc. E a parte de dentro vai virar osso de couro (e outras coisas, como gelatina, cosméticos e até cola).

2o PASSO: A parte interna do couro é lavada e fica branca com uma solução de peróxido de hidrogênio (água oxigenada) e/ou alvejante, que também ajudam a remover o cheiro de pele apodrecida. (Pesquisas mostram que outras substâncias químicas podem ser usadas para ajudar no branqueamento caso o alvejante não seja forte o bastante.)

3o PASSO: Agora é outra de tornar o couro alvejado apetitoso! Couros podem ser tingidos de qualquer cor com auxílio de corantes e flavorizantes (frequentemente artificiais), como dióxido de titânio (que intensifica a “brancura”).

De acordo com a avaliação química de alguns ossos, esses produtos podem conter uma combinação tóxica dos carcinógenos (substâncias que podem causar câncer) FD&C vermelho 40, juntamente com conservantes como benzoato de sódio. Mas identificar os efeitos da exposição química a esses elementos é praticamente impossível, porque pode ser uma questão de intoxicação em doses baixas, a longo prazo, segundo autores da revista The Bark.

4o PASSO: Agora que o couro foi tingido, é hora do processo final: fazê-lo durar para sempre! Já que o FDA (o órgão governamental Food and Dug Administration, responsável por alimentos e fármacos nos EUA) não considera esses petiscos como sendo alimento, os fabricantes de tiras de couros ficam livres para aplicarem o que acharem melhor aos produtos. Qualquer tipo de cola pode ser utilizada para que essas belezinhas não desmanchem.

Pesquisas em laboratórios evidenciaram presença de resíduos de chumbo, arsênico, mercúrio, formol e outras substâncias tóxicas em ossos de couro.

Finalmente, é chegada a hora de embalar e trabalhar o marketing. (Nos rótulos canadenses e norte-americanos) os consumidores podem ler os seguintes avisos, em letra bem miudinha: “se seu cão engolir grandes pedaços do couro, pode haver obstrução do esôfago ou outras partes do trato digestório. Às vezes, cirurgia abdominal é necessária para remover o objeto do estômago ou do intestino. Se não puder ser resolvida, a obstrução pode levar ao óbito.” (Que lindo, não?)

Pronto! Agora o osso pode ser comercializado.

Leia o que a médica-veterinária holística norte-americana, Dra. Karen Becker, tem a dizer sobre o assunto:

“No começo da mastigação, o osso de couro está duro. Mas, à medida que o cão o rói, o osso vai umedecendo com a saliva e se desfazendo, os nós vão se soltando e o petisco adquire a consistência de um caramelo borrachudo ou de um chiclete. Nessa hora, o cão está empenhado em mastigá-lo – quase como um vício. Nessa consistência, o osso já não traz benefício algum aos dentes, pois se torna macio e pode ser engolido, causando problemas de obstrução.”

P.S. – Pronto para a cereja do bolo?

De acordo com o site Dogingtonpost.com “Uma investigação conduzida pela Humane Society International informou que as peles de cães abatidos cruelmente na Tailândia frequentemente são misturadas a pedaços de couro de outros animais para fazer brinquedos de couro para cães. Os fabricantes informaram aos investigadores que esses itens são regularmente exportados e vendidos em pet shops nos Estados Unidos.”

Eca! 🙁

Opções infinitamente mais seguras para cães roerem e se divertirem incluem ossos NATURAIS recreativos e cenouras cruas.