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Em 2018, o órgão americano FDA (US Food and Drug Administration, similar à nossa ANVISA) alertou sobre o potencial neurotóxico dos anti-pulgas contendo Isoxazolina depois que cães e gatos expostos a esse ativo apresentaram tremores, perda da coordenação motora e convulsões. Na rotina clínica observo outras reações aos anti-pulgas: alergia no local de aplicação, vômitos e alterações nos parâmetros hepáticos em exames.

Publicações científicas recentes apontam que esses produtos afetam negativamente a população de insetos, em especial as abelhas, o que pode ter impactos devastadores. A imidacloprida e o fipronil, por exemplo, têm sido encontrados em rios e lagos mundo afora. E há prováveis implicações à nossa saúde também. Tudo isso nos convida a repensar a aplicação descompromissada desses produtos. E a buscar alternativas.

Minha cachorrinha de 15 anos, a Polly, frequenta praças, parques e hotéis para cães regularmente. Há muitos anos não vejo necessidade de aplicar rotineiramente produtos convencionais contra pulgas e carrapatos nela.

Claro, há situações em que somente os anti-pulgas convencionais dão conta do recado. Quando o pet está infestado ou vive em lugar onde há cavalo, gado, capivara, é mais difícil controlar a situação empregando exclusivamente os métodos naturais. Se você já tentou associar condutas alternativas sem sucesso, utilize de maneira racional os produtos tradicionais.

Inspecione a pele do cão frequentemente. Aproveite momentos relaxantes no sofá ou no chão para vasculhar a pele dele. Afaste os pelos, olhe as virilhas e a região da barriga. Procure por cocô de pulga, ela parece pimenta-do-reino polvilhada sobre a pele. Para tirar a dúvida se é sujeira ou cocô de pulga, coloque a partícula numa bolinha de algodão úmida e aperte. Se ficar vermelho, é cocô de pulga, que nada mais é que sangue digerido.

Inspecionar atentamente a pele é a melhor maneira de saber se seu cão está parasitado e até de remover carrapatos antes que tenham tempo suficiente para transmitir agentes causadores de doenças. Aliás, para tirar de forma eficaz e segura um carrapato aderido à pele do seu cão, imobilize o carrapato com pinça e remova torcendo-o (ao invés de arrancá-lo de forma retilínea). Isso reduz as chances do aparelho bucal do carrapato ficar preso dentro da pele do cachorro, o que pode causar inflamação.

Associe métodos naturais aos produtos convencionais. Fazer isso possibilita reduzir a frequência de aplicação desses últimos. Há épocas do ano em que podemos recorrer mais aos métodos naturais que aos convencionais – atente para isso. Consulte uma veterinária integrativa sobre estratégias nutracêuticas que minimizam os prejuízos dos anti-pulgas ao organismo de nossos cães e gatos, como Silimarina, Chlorella, Dente-de-leão etc. Regularmente inspecione a pele do seu pet, fortaleça a imunidade dele e peça exames para investigar exposição a microorganismos causadores das doenças do carrapato.

Acima de tudo, tenha expectativas realistas. Na bula de vários anti-pulgas consta que eles não impedem que o pet seja picado – e, consequentemente, que doenças sejam transmitidas. Tem mais: nenhum método contra pulgas e carrapatos é garantido. Parasitos se tornam resistentes a moléculas que até ontem eram infalíveis. Por mais que seja desagradável e até arriscado, o fato é que achar vez por outra uma pulga ou um carrapato faz parte da experiência de ter um cão ou gato.

Na alimentação

  • Uma alimentação saudável fortalece a imunidade do seu pet contra parasitas. Aposte na Alimentação Natural, seguindo uma dieta equilibrada, fresca e variada.
  • Adicione vinagre de maçã orgânico nas refeições dos cães e dos gatos (1/4 a 2 colheres de chá a depender do porte do pet).
  • Adicione uma fatia fina de alho cru triturado na comida dos cães (não use para gatos). É comprovadamente seguro a cães em doses baixas.

Neem

O óleo de neem é um óleo natural extraído das sementes da árvore de neem (Azadirachta indica), nativa da Índia. Possui propriedades repelentes e inseticidas, sendo um bom repelente de pulgas, carrapatos e outros insetos. Tenho experiência de 15 anos com produtos à base de óleo de neem em pets e até hoje observei boa tolerância.

Solução de Neem

Existem produtos à base de neem prontos para uso, como os produtos da Preserva Mundi. Se você não tem acesso a eles, compre óleo de neem puro para uso em pets ou humanos e dilua seguindo as instruções do rótulo (geralmente de 5ml a 10ml em 1L de água).

Para que o óleo se misture à água adicione meia colher de chá de sabonete líquido neutro natural e pronto, você tem uma solução de neem prontinha para uso!

Óleos essenciais

  • Você pode adicionar à essa solução algumas gotas de óleos essenciais que também conferem efeito repelente de insetos: citronela, eucalipto, cedro, lavanda, capim-limão ou gerânio.
  • Coloque 100ml da solução de neem em um frasco com spray, pingue 10 gotas de um ou mais óleos essenciais, misture bem e borrife no pêlo do cão, evitando a região da face.
  • Não é indicado borrifar óleos essenciais em gatos.

Na casa

  • Aspire bem o chão, os tapetes e os estofa-dos da sua casa pelo menos 2x por semana.
  • Lave as caminhas dos pets pelo menos 1x por mês e semanalmente coloque-as no sol.
  • Passe no piso da sua casa a solução de neem ou o Multiuso Neem Pet da Preserva Mundi diluído em água com um pano ou um mop (esfregão).
  • Borrife a solução de neem ou o Spray Neem Pet nas caminhas, cobertores e móveis onde seu pet costuma ficar

No Jardim

  • Mantenha a grama sempre aparada e livre de folhas mortas. A luz solar direta ajuda a destruir as fases imaturas das pulgas.
  • Durante os meses de maior incidência de pulgas e carrapatos, aplique a solução de neem ou Multiuso Neem diluído na grama mensalmente para combater pulgas e carrapatos. Faça a aplicação em horários de pouco sol para não danificar as plantas.

No cão

  • Borrife a solução de neem ou Spray Neem Pet no corpo do seu pet a cada 3 a 5 dias, afastando os pelos e borrifando diretamente na pele. Não se esqueça de aplicar também entre os dedos das patas, onde os carrapa-tos costumam se esconder.
  • Use shampoo ou sabonete a base de neem no banho, ou adicione algumas gotas de óleo de neem ao shampoo habitual do seu pet.

No gato

  • Borrife a solução de neem ou Spray Neem Pet no corpo do seu pet a cada 3 a 5 dias, afastando os pelos e borrifando diretamente na pele. Não se esqueça de aplicar também entre os dedos das patas, onde os carrapa-tos costumam se esconder.
  • Use shampoo ou sabonete a base de neem no banho, ou adicione algumas gotas de óleo de neem ao shampoo habitual do seu pet.

Homeopatia

  • Alguns medicamentos homeopáticos ajudam no controle de pulgas e carrapatos sem os efeitos indesejados dos inseticidas convencionais.
  • Experimente o Fator Ecto Cão da Arenales, o Fator P&P Canil da Arenales ou o Paracanis da Homeopet. Use de acordo com as instruções do fabricante.
  • Podem ser usados junto com o neem, em cães e em gatos. Quanto mais medidas você associar, mais forte será a proteção.

Referências:

  1. FDA “Fact Sheet for Pet Owners and Veterinarians about Potential Adverse Events Associated with Isoxazoline Flea and Tick Products”
  2. Human Exposure of Fipronil Insecticide and the Associated Health Risk
  3. Insights into the toxicity and biodegradation of fipronil in contaminated environment
  4. Hazard identification of imidacloprid to aquatic environment
  5. A comprehensive review of environmental fate and degradation of fipronil and its toxic metabolites
  6. Imidacloprid Decreases Honey Bee Survival Rates but Does Not Affect the Gut Microbiome
  7. Insights into the ubiquity, persistence and microbial intervention of imidacloprid

 

Sylvia Angélico
Médica Veterinária
pós-graduada em Nutrição Animal
CRMV-SP 29945

 

Comunicado Cachorro Verde

As informações divulgadas em nossas postagens possuem caráter exclusivamente educativo e não substituem as recomendações do médico-veterinário do seu cão ou gato. Por questões ético-profissionais, a Dra. Sylvia Angélico não pode responder certas dúvidas específicas sobre questões médicas do seu animal ou fazer recomendações para seu pet fora do âmbito de uma consulta personalizada. Protocolos de tratamento devem sempre ser elaborados e acompanhados pelo médico-veterinário de sua confiança.

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