Eu costumava apresentar faringites fortíssimas de repetição, com uma recuperação sofrida e muito demorada. No ano passado tive 3 episódios e nada parecia preveni-los! Depois de ler uma postagem do nutricionista Luciano Bruno sobre o uso da própolis para modulação imunológica passei a tomar 20-25 gotas deste poderoso composto todo santo dia misturado a 2 dedos de água, em jejum, pelas manhãs. Já vai fazer um ano que não tenho mais faringites. Encantada com o resultado fui estudar sobre a própolis para prevenção e tratamento de doenças em cães e gatos. Encontrei publicações científicas recentes bastante interessantes demonstrando um potencial inacreditável de benefício a saúde dos nossos pets.
A própolis é uma resina coletada por abelhas melíferas, composta por flavonoides (como o antialérgico quercetina), ésteres de ácido caféico e diterpênicos, com efeitos bactericidas, viricidas e antifúngicos. Nossa própolis brasileira contém ainda a Artepilina-C, um composto bio-ativo com significativa atividade contra células tumorais, fragmentando o DNA destas células e induzindo-as a cometer suicídio (apoptose). E o melhor: não causa resistência nas bactérias, nem efeitos colaterais para quem toma e tem um preço muito menor que os antibióticos. A própolis é usada nas paredes das colmeias para vedar contra vento, proteger as abelhas contra infecções por microorganismos e até para embalsamar abelhas mortas e inimigos.
Há evidências científicas de efeitos benéficos da própolis em cães e outros animais contra:
- Doença de Cushing (o hiperadrenocorticismo)
- Otites causadas por bactérias (Staphylococcus aureus e intermedius) e/ou por leveduras (como a Mallassezia)
- Giardíase e outras parasitoses de difícil tratamento, quando associada ao tratamento convencional com vermífugos
- Dermatofitose (infecção fúngica na pele)
- Tártaro (a doença periodontal), reduzindo o acúmulo de placa bacteriana, dificultando a adesão das bactérias à superfície dos dentes e reduzindo a inflamação das gengivas. Nesses casos, a própolis sem álcool é adicionada à pasta de dentes do pet
- Doenças oftalmológicas (ceratoconjuntivite seca, glaucoma, blefarite e outras), sendo a própolis sem álcool adicionada a preparações oftálmicas
- Osteossarcoma e TVT (Tumor Venéreo Transmissível)
- Imunidade baixa, aumentando os níveis séricos de citocinas e intérferon gama
- Doenças hepáticas e biliares
- Obesidade (sim, ela ajuda a reduzir depósitos de gordura) e contra o aumento dos níveis de colesterol
- Lesões de cicatrização difícil
- Administrar própolis pode inclusive aumentar a proteção das vacinas, em especial contra cinomose e parvovirose.
E, antes que perguntem, sim, é segura para gatos.
No mercado encontramos extrato de própolis tradicional e de própolis verde (esta é proveniente de substâncias extraídas do alecrim-do-campo) em variedades com e sem álcool. Para pets geralmente se indica e se prefere a versão sem álcool, mas há profissionais que relatam que doses normais de própolis alcoólico não são prejudicais, salvo em caso de alterações hepáticas pré-existentes.
A dosagem sugerida pode variar de acordo com a potência da própolis. Verifique a % de extrato seco no rótulo do produto. Para própolis com teor de 11 e 15% de extrato seco uma sugestão de administração seria 1 gota para cada 1-3kg de peso do cão ou do gato, 1-3x ao dia. E para própolis com teor de 30% ou maior de extrato seco, eu sugeriria 1 gota para cada 3-5kg de peso do pet, 1-2x ao dia. Note que a dosagem indicada por um médico-veterinário para beneficiar o tratamento de uma doença específica pode ser mais elevada.
A própolis pode ser misturada diretamente à refeição ou amassada com um pouco de fruta, iogurte, cottage/ricota ou mel de abelhas. A administração é segura para uso durante meses seguidos, inclusive não altera a consistência das fezes, mas se preferir, administre diariamente durante um período e depois passe a administrar 2-3x por semana para um efeito de manutenção/prevenção. A contraindicação fica por conta de cães e gatos alérgicos à própolis. Já peguei alguns (poucos) casos. Para verificar se há hipersensibilidade antes de administrá-la, aplique uma gota de própolis à virilha do pet e observe se surgem reações locais em 24-48h.
Espero que façam um bom proveito deste potente remédio natural! 🙂
Algumas referências científicas:
- Propolis in dogs: clinical experiences and perspectives (a brief review), Betancourt et al, 2015. https://www.researchgate.net/publication/270892666_Propolis_in_Dogs_Clinical_Experiences_and_Perspectives_A_Brief_Review
- Eficácia da formulação da própolis argentina para o tratamento tópico da otite externa canina. Lozina et al, 2010. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-09352010000600010
- Extrato de própolis na nutrição de cães: efeitos na condição corporal, parâmetros sanguíneos e resposta vacinal. Rivera et al, 2017. https://revistas.ufpr.br/veterinary/article/view/51083/34414
- Use of propolis for topical treatment of dermatophytosis in dog. Sánchez et al, 2014. https://pdfs.semanticscholar.org/a72a/b9387f19b35c5d14c9d04e532232a73e876c.pdf
- Effects of propolis on experimental cutaneous wound healing in dogs. Ashraf M. Abu-Seida, 2015. https://www.hindawi.com/journals/vmi/2015/672643
Comunicado do site Cachorro Verde
As informações divulgadas em nossas postagens possuem caráter exclusivamente educativo e não substituem as recomendações do médico-veterinário do seu cão ou gato. Por questões ético-profissionais, a Dra. Sylvia Angélico não pode responder certas dúvidas específicas sobre questões médicas do seu animal ou fazer recomendações para seu pet fora do âmbito de uma consulta personalizada. Protocolos de tratamento devem sempre ser elaborados e acompanhados pelo médico-veterinário de sua confiança.
Obrigada por acompanhar os canais do Cachorro Verde!