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Algumas clientes me contam que seus cães nunca, nunquinha, saem do apartamento. “A rua é suja”, “ele dorme na cama comigo”, “tenho medo que o roubem” e “o apartamento é grande” são as explicações que ouço.

Pessoalmente, acho uma judiação cães, animais caçadores e curiosos, não terem acesso a passeios regulares na rua. Vanessa e eu somos bem ocupadas, mas nunca deixamos de proporcionar um passeio vigoroso de pelo menos 30-90 minutos com nossas peludas idosas, terminando em uma praça onde correm e pisam na grama e na terra. Seja sábado, domingo, dia de semana, feriado, garantimos essa rotina. Faz uma diferença enorme no equilíbrio emocional e na saúde física delas – e há boas explicações científicas para isso no fascinante conceito de “Grounding” (que eu traduziria livremente para o português como “Contato com o Solo”)

Há quase 20 anos, um homem chamado Clint Ober estuda os efeitos da influência da superfície do nosso planeta sobre a saúde. Ele percebeu que o simples ato de pisar descalço/sentar-se com a pele desnuda/tocar a grama, terra ou de entrar no mar, rio ou lago contribui para reduzir quadros inflamatórios, diminui ansiedade e aumenta o bem-estar e a disposição geral, fortalece o sistema imunológico, otimiza a circulação sanguínea e a oxigenação dos tecidos, acelera o reparo de lesões e combate a insônia.

Quando indivíduos mantêm contato direto com a terra/grama, sem sapatos, ocorre transferência dos elétrons presentes na superfície terrestre para o corpo. Em parceria com o Dr. Gaetan Chevalier, especialista em eletrofisiologia e biofeedback do California Institute for Human Science, Clint Ober realizou um estudo envolvendo 60 pessoas. O resultado: assim que entra em contato com o solo, o corpo passa de um estado simpático para um estado parassimpático.

Vamos entender isso. A Terra possui uma carga levemente negativa na sua superfície. Por “negativa” quero dizer que há abundância de elétrons que se movem rapidamente e reduzem cargas. Quando não temos mais contato com o solo nosso corpo começa a perder elétrons. Quando temos um processo inflamatório, o corpo libera células que socorrem os tecidos e liberam radicais livres, que são moléculas que roubam elétrons de tecidos saudáveis. Isso aumenta o processo inflamatório, o que por sua vez gera mais radicais livres, que roubam mais elétrons do corpo. O contato direto e regular da pele com o solo é uma maneira de adquirir elétrons – e restaurar o equilíbrio.

Ao final desta postagem elenco alguns artigos científicos que verificaram os muitos benefícios do Grounding sobre a fisiologia. Um deles demonstrou que a maioria das pessoas que não têm contato direto com o solo possuem algum grau de sangue “grosso”, mais viscoso que o desejável. A teoria de Clint Ober é que o sangue grosso não consegue circular adequadamente pelos capilares (os vasos sanguíneos mais fininhos, responsáveis pela oxigenação dos tecidos. Essa oxigenação inadequada seria a causa de muitos processos inflamatórios, de acordo com Clint. Outro estudo, envolvendo ratos, demonstrou que o Grounding reduziu os níveis de fosfatase alcalina, triglicérides e glicose dos roedores.

Nessa vida cada vez mais urbana, de trabalho e lazer indoors, todos perdemos contato e conexão com a terra, que além de nos dar alimento, nos recarrega. A recomendação atual é que nossos pets – e nós também! – toquem diretamente o solo (grama, terra, areia), sem sapatos, durante 30 a 60 minutos regularmente (diariamente seria o ideal). Muitos cães vão além: rolam felizes no solo, se esfregando bem, adquirindo assim muitos elétrons que contribuirão diretamente com sua saúde e bem-estar. Sábios! (Em tempo, no caso dos gatos, se morar em casa, proporcione um acesso seguro para brincarem no jardim. Se morar em apartamento, procure levá-lo de coleirinha e guia para pisar diretamente com as patinhas no solo natural.) Bora passear com o peludo?

Referências científicas:

  1. Earthing: health implications of reconnecting the human body to the Earth’s surface electrons, 2012. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/pmid/22291721
  2. The biologic effects of grounding the human body during sleep as measured by cortisol levels and subjective reporting of sleep, pain, and stress, 2004. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15650465
  3. Earthing the Human Body Influences Physiologic Processes, 2011. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3154031
  4. Pilot Study on the Effect of Grounding on Delayed-Onset Muscle Soreness, 2010. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3116537
  5. Earthing (Grounding) the Human Body Reduces Blood Viscosity—a Major Factor in Cardiovascular Disease, 2013. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3576907
  6. What Your Pet Instinctively Knows About Health… And the Simple Lesson She Can Teach You, 2013. https://healthypets.mercola.com/sites/healthypets/archive/2013/09/02/grounding.aspx
  7. All Animals Instinctively Do This if Possible — Do You Give Yours the Chance? 2018 https://healthypets.mercola.com/sites/healthypets/archive/2018/01/28/how-grounding-benefits-your-pets.aspx
  8. Earthing: The Most Important Health Discovery Ever? 2010. https://www.amazon.com/Earthing-Most-Important-Health-Discovery/dp/1591202833

 

Comunicado do site Cachorro Verde

As informações divulgadas em nossas postagens possuem caráter exclusivamente educativo e não substituem as recomendações do médico-veterinário do seu cão ou gato. Por questões ético-profissionais, a Dra. Sylvia Angélico não pode responder certas dúvidas específicas sobre questões médicas do seu animal ou fazer recomendações para seu pet fora do âmbito de uma consulta personalizada. Protocolos de tratamento devem sempre ser elaborados e acompanhados pelo médico-veterinário de sua confiança.

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