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Esse é um exercício essencial para toda adepta da Alimentação Natural para pets: questionar-se periodicamente sobre como melhorar a dieta do seu pet. É fácil cair na rotina, repetindo as mesmas escolhas que funcionam no dia a dia, e acabar fechando as portas para novas opções.

Entendo que muitos cães e gatos só conseguiram estabilizar problemas gastrointestinais ou alérgicos com uma dieta mais simples. Em alguns casos, a jornada até alcançar esse equilíbrio foi tão desgastante para o tutor e o animal que falta coragem para tentar algo novo, como incluir um pouquinho de fígado ou uma carne diferente. Se esse é o caso do seu pet, é aconselhável fazer essas mudanças sob orientação de uma veterinária nutróloga.

Mas se o seu pet não se enquadra nessa situação, que tal revisitar a dieta dele com mais atenção? A suplementação de vitaminas, minerais e ômega-3 está em dia? Você está variando além do frango e da trinca “cenoura-abobrinha-chuchu”? Os petiscos que você escolhe estão à altura da qualidade da Alimentação Natural e do tempo e investimento que você dedica a ela? Você sabe quando e quanto servir de comida diariamente, ou apenas enche a tigela?

Não pense que me excluo dessa reflexão. Tenho servido a mesma combinação de Alimentação Crua Sem Ossos para meus gatos há um bom tempo. A Polly, minha cachorrinha de 16 anos, passou meses comendo muito pouco devido a dores e problemas renais. Após acertar o tratamento, ela voltou a comer bem com uma dieta cozida comercial. Mas estou tentando reintroduzir a alimentação crua habitual dela, ajustada à sua condição atual. Recentemente, para aumentar a ingestão de antioxidantes, amassei algumas amoras e misturei na refeição dela; ela aceitou bem. E para administrar seu tratamento matinal, tive que recorrer a biscoitos não ideais. Agora que o apetite da Polly melhorou, voltei a dividir com ela meu ovo mexido.

Confira abaixo alguns pontos que geralmente merecem recalibragem na Alimentação Natural de muitos pets. A intenção aqui não é julgar ou fazer você se sentir pressionado, mas sim inspirar você a, no seu ritmo, incorporar um alimento ou prática que possa fazer diferença na saúde do seu amigão.

Variedade de carnes

Não fique só no frango ou só na carne bovina, salvo se seu cão ou gato só tolera ou aceita uma única espécie de carne, o que é incomum. Varie! O mínimo do mínimo para um resultado adequado é variar entre carne bovina e frango, que se complementam bem. Já faz isso? Procure inserir também carne suína magra (filé mignon suíno, lombo) e peixe algumas vezes por semana.

Vísceras

São grandes reservatórios de nutrientes, são mais em conta que carnes e os peludos adoram. Ofereça vísceras do tipo secretórias – fígado, baço, rim, cérebro, glândulas – como cerca de 5% da dieta, diariamente. São ricas em minerais e vitaminas. Já as vísceras musculares – coração, moela, bucho, pulmão – entram como carne na dieta. Inclua-as como 1/3 da porção de carne, 3x por semana ou diariamente.

Controle de porções

Quarenta e oito Labradores foram acompanhados desde filhotes até o final de suas vidas (Lawler et al, 2007). Metade tinha uma dieta regrada e metade comia à vontade. Os cães do primeiro grupo eram esbeltos, tinham níveis mais baixos de triglicérides, insulina e glicose, demoraram a apresentar doenças crônicas e viveram em média 2 anos a mais que os do segundo grupo. Pelo bem do seu pet, alimente o suficiente para mantê-lo bem de peso – não necessariamente saciado.

Super alimentos

Alguns alimentos são verdadeiras farmácias, tamanho o seu potencial terapêutico. Duas a três vezes por semana inclua como 10% da dieta ovo e peixe rico em ômega-3 (sardinha, manjuba, cavala). Inclua um pouco de cogumelos cozidos e também amoras e folhas verde-escuras trituradas. Adicione à dieta um pouquinho de cúrcuma e/ou gengibre e uma pitada de ervas como coentro e alecrim.

Suplementação adequada

Por melhor que seja a Alimentação Natural (AN) do seu pet, fato é que toda dieta, para ser adequada, requer suplementação. Cálcio, vitaminas E e D, zinco, manganês e iodo são nutrientes comumente insuficientes em dietas caseiras. Se suplementos sintéticos não te agradam, busque orientação para inserir via ingredientes naturais esses elementos à dieta. Só não vale descuidar disso.

Petiscos à altura da AN

As guloseimas oferecidas ao seu cão e gato como reforço positivo ou agrado também merecem ser bem escolhidas. Alimentos contendo açúcar, corantes, farinhas brancas, conservantes sintéticos e aditivos difíceis de pronunciar não são saudáveis. Prefira pedacinhos de frutas, um pouco de kefir, iogurte ou coalhada, ovo cozido ou carnes magras desidratadas.

Janela de alimentação

Estudos mostram que passar uma boa parte do dia sem digerir proporciona uma valiosa oportunidade diária para o organismo se desintoxicar, se reorganizar e se regenerar. Com base nisso, especialistas vêm recomendando que sirvamos as refeições do cão adulto saudável dentro de um período de 6 a 8 horas e as do gato em um período de 8 a 12 horas, restringindo alimento nas demais horas do dia.

Once-daily feeding is associated with better health in companion dogs: results from the Dog Aging Project, 2022: doi: 10.1007/s11357-022-00575-7

Ajustes

Toda dieta requer ajustes aqui e ali, seja porque o pet mudou de faixa etária, foi castrado, está se exercitando menos (ou mais) ou recebeu algum diagnóstico. Pode ser só questão de aumentar ou reduzir 10 a 15% do alimento, algo que você mesmo pode fazer. Quando for indicado ajustar a composição, formulação ou suplementação da AN recomendo contar com a orientação de um profissional experiente.

Saúde intestinal

É fundamental nutrir bem também o ecossistema de microorganismos que habita o intestino dos peludos. Inclua alimentos que adubam a microbiota: salsão, batata-yacón, bardana, chicória, alcachofra, repolho, banana (mais para verde), maçã, cogumelos e aspargos. Nem precisa ser muito: incluir alimentos prebióticos como 5% da dieta já traz resultados. Para melhores resultados, varie-os.

Sylvia Angélico
Médica Veterinária
pós-graduada em Nutrição Animal
CRMV-SP 29945

Comunicado Cachorro Verde

As informações divulgadas em nossas postagens possuem caráter exclusivamente educativo e não substituem as recomendações do médico-veterinário do seu cão ou gato. Por questões ético-profissionais, a Dra. Sylvia Angélico não pode responder certas dúvidas específicas sobre questões médicas do seu animal ou fazer recomendações para seu pet fora do âmbito de uma consulta personalizada. Protocolos de tratamento devem sempre ser elaborados e acompanhados pelo médico-veterinário de sua confiança.

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