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Em 2017, tive a oportunidade de passar um dia com a médica-veterinária norte-americana, referência em medicina integrativa, Margo Roman. Ela estava em São Paulo para apresentar uma palestra sobre a Terapia Restauradora do Microbioma Intestinal (TRMI), vulgo “transplante de fezes”, em um simpósio de Ozonioterapia. A idéia de usar 💩 como tratamento era novidade para mim, nunca tinha ouvido falar.

Segundo Margo, transferir fezes de um cão ou gato saudável pode amenizar transtornos de agressividade e fobias, modular alergias, corrigir disbiose e melhorar quadros gastrintestinais. Na época, eu atendia na MOM Pet Store, em Moema. Bento, o Bernese da Fabiana, minha amiga e dona da MOM na ocasião, apresentava um quadro de colite; vivia fazendo cocô mole e com muco. Bento foi a cobaia da nossa estréia da terapia com cocô.

Elegemos como a doadora de fezes a minha cachorrinha Polly, na ocasião com 9 anos e saúde impecável. A execução coube à querida amiga e colega @anapaulamello_vet, que se tornou a uma referência na prática do TRMI. O resultado deixou todo mundo de queixo caído: com o primeiro transplante as fezes do Bento passaram de líquidas para pastosas e, duas sessões depois, o cocô estava firme.

O mérito é dos bilhões de microorganismos – bactérias, protozoários e leveduras – viáveis que compõem as fezes. O transplante devolve diversidade e equilíbrio de espécies benéficas ao intestino do receptor e com isso restabelece as funções digestivas e imunológicas do órgão.

O melhor de tudo é que a TRMI é uma terapia acessível e simples. Uma amostra de fezes de um cão ou gato com boa saúde gastrintestinal, isento de vermes, sem antibióticos há pelo menos um ano e adepto do mesmo tipo de dieta do animal que será transplantado, é administrada por via retal com sonda ou por via oral dentro de uma cápsula ou de uma bolinha de alimento. Sedação e anestesia não são necessárias e o processo é bem rápido. O número de sessões é estabelecido pelo veterinário com base no histórico, objetivos, sintomatologia e resposta aos transplantes. Veja nos comentários referências interessantes.

 

Referências:

  1. Nosso artigo do Cachorro Verde a respeito: cachorroverde.com.br/transplante-fecal 
  2. Investigating fecal microbial transplant as a novel therapy in dogs with inflammatory bowel disease: A preliminary study, 2022, DOI: 10.1371/journal.pone.0276295
  3. Canine Fecal Microbiota Transplantation: Current Application and Possible Mechanisms, 2022. DOI: 10.3390/vetsci9080396
  4. `The Mechanism of Important Components in Canine Fecal Microbiota Transplantation, 2022. DOI: 10.3390/vetsci9120695
  5. Analysis of the gut microbiome in dogs and cats, 2021. DOI: 10.1111/vcp.13031
  6. One dog’s waste is another dog’s wealth: A pilot study of fecal microbiota transplantation in dogs with acute hemorrhagic diarrhea syndrome, 2021. DOI: 10.1371/journal.pone.0250344
  7. Efficacy and safety of fecal microbiota transplantation for the treatment of diseases other than Clostridium difficile infection: a systematic review and meta-analysis, 2020. pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33345703
  8. Fecal microbiota transplantation in puppies with canine parvovirus infection, 2018. DOI: 10.1111/jvim.15072
  9. Improvement in Clinical Symptoms and Fecal Microbiome After Fecal Microbiota Transplantation in a Dog with Inflammatory Bowel Disease, 2019. DOI: 10.2147/VMRR.S230862

Sylvia Angélico
Médica Veterinária
pós-graduada em Nutrição Animal
CRMV-SP 29945

 

Comunicado Cachorro Verde

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