E quando o pet não aceita o suplemento?

Toda Alimentação Natural (AN) requer suplementação para suprir nutrientes importantes que podem estar ausentes na dieta do cão ou gato.

Em uma dieta composta por arroz integral, cenoura, peito de frango e abobrinha, por exemplo, faltam ácidos graxos ômega-3, cálcio, zinco, iodo, cobre, selênio, ferro e vitaminas E, D, B12 e B2.

Quando proporcionamos rotação de carnes de animais diferentes (ex: boi, frango, porco, peixes ricos em ômega-3), um pouco de vísceras, ovos e vegetais, a necessidade de suplementar tudo o que citei acima diminui consideravelmente. Mesmo assim provavelmente vão faltar vitaminas D e E e os minerais cálcio, zinco e iodo.

Para os felinos, toda dieta com carnes cozidas ou trituradas requer enriquecimento do aminoácido taurina. Esse nutriente essencial à saúde do coração e olhos do gato é perdido quando a carne é moída ou cozida.

Os nutrientes que acreditamos estarem faltando na AN podem ser fornecidos de três maneiras.

A mais prática é adicionando um suplemento vitamínico-mineral abrangente formulado para dietas caseiras, como os produtos Food Dog e Nutroplus.

Outra maneira é administrar uma fórmula de suplemento contendo somente os nutrientes que o veterinário ou zootecnista acredita estarem em falta na dieta. A fórmula é aviada em farmácia de manipulação em cápsulas ou sachês e servida com as refeições.

O terceiro modo usa alimentos como fonte de nutrientes específicos. A uma dieta já rica e variada – importante frisar – incluímos algumas vezes por semana um pouco de mexilhões, gengibre em pó, óleo de fígado de bacalhau, sementes de girassol ou amêndoas trituradas e alga kelp para fornecimento de elementos como zinco, manganês, vitamina D e E e iodo.

A suplementação com alimentos naturais exige investimento, cuidado e tempo. Pode não ser indicada para dietas terapêuticas ou para filhotes, gestantes e lactantes. Por esse motivo as opções anteriores de suplementação – comercial ou manipulada – são as mais populares.

Mas há casos em que o pet rejeita o suplemento comercial ou manipulado. É adicionar na refeição e o danado vira a cara. O que fazer nessas situações?

Introdução gradual

Colocar de uma vez a dose cheia do suplemento na refeição altera repentinamente o cheiro da comida e gera rejeição em cães e gatos mais sensíveis. Consulte a embalagem do produto ou o profissional que orienta a dieta sobre a dose diária a usar. Comece adicionando por dia apenas 1/4 ou 1/5 dessa dose. A cada três dias aumente em 1/4 ou 1/5 essa dose até estar dando a dose cheia.

Misture bem

Além de introduzir aos poucos, misture bem o pó ao alimento. Mas misture bem mesmo. Desta forma o suplemento fica melhor disfarçado. Misture à porção diária total de alimento ou fracione a dose diária do suplemento em pelo menos duas refeições diárias. Assim uma refeição não fica com um cheiro muito diferente da outra.

Congele/refrigere com o alimento

Essa é uma dica que aprendi com um veterinário do ramo de suplementos. Congelar ou refrigerar o alimento com o suplemento já misturado ajuda a disfarçá-lo melhor. Experimente! Mas tome cuidado ao descongelar e aquecer a porção. Não empregue altas temperaturas ou as vitaminas mais delicadas serão desnaturadas (perdidas). Prefira descongelar a marmita do pet dentro da geladeira ou em banho-maria.

Camuflagem

Disfarce o suplemento misturando-o a um pouco de algum alimento saudável irresistível, como carne moída, iogurte natural, sardinha em lata, ovo com gema amolecida, queijo cottage ou caldo de ossos. Outra opção é misturar como de hábito o suplemento ao alimento e polvilhar por cima um pouquinho do atrativo natural “Booster” da marca Lecker, à base de vísceras e carnes desidratadas. Nossos gatos são loucos por ele!

Dosagem

Será que você não está adicionando uma dose de suplemento além do necessário? Confira a orientação de uso do fabricante e também o profissional que acompanha a dieta. Pessoalmente, percebo que é possível em muitos casos utilizar uma dose um pouquinho menor (10% a 15%) do que o indicado pelo fabricante, com resultados ainda satisfatórios. Uma leve redução na dosagem do suplemento já pode recuperar o interesse do pet pela dieta.

Troque o suplemento

Nenhuma das dicas acima ajudou? Troque a marca do suplemento. Há casos em que o animal rejeita o suplemento da empresa “Y”, mas aceita bem o da marca “X”. Mas não se esqueça de introduzi-lo gradualmente, como comentei anteriormente.

Prefira manipulado

Trocar a marca não adiantou? Tente administrar o suplemento preparado em farmácia de manipulação. O profissional que orienta a dieta do seu peludo pode prescrever uma fórmula contendo somente os nutrientes em falta na dieta. Muitas farmácias oferecem a opção de formular em apresentações atraentes, como biscoito e pasta saborizada. Mas, preocupada com consumo diário de farinhas e flavorizantes artificiais, recomendo considerar esse recurso em último caso.

Suplementação natural

Sobrou equilibrar as lacunas com alimentos. Em dietas sem ossos, o cálcio pode vir de farinha de cascas de ovos. O iodo está na glândula tireoide (no pescoço de animais), alga kelp, frutos-do-mar e sal iodado. O manganês, no gengibre em pó. A vitamina D, no óleo de fígado de bacalhau, gema de ovos, rim e sardinha. Tem vitamina E no espinafre, amêndoas e semente de girassol triturados. E o zinco, nos mexilhões e na carne bovina magra. O veterinário ou zootecnista especializado ou experiente em nutrição pet pode orientar sobre quantidade e frequência.

Sylvia Angélico
Médica Veterinária
pós-graduada em Nutrição Animal
CRMV-SP 29945