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Nos tempos de nossos pais e avós, as técnicas de diagnóstico à disposição dos veterinários eram escassas. Não havia ressonância magnética, endoscopia e boa parte dos exames laboratoriais que hoje investigam minimamente os tecidos dos nossos pets à procura de irregularidades. Pouco se podia fazer para prevenir doenças infecto-contagiosas. Cirurgia e anestesia eram procedimentos arriscados demais para serem realizados rotineiramente.

Curiosamente, apesar de tanta limitação e desconhecimento, nossos pais e avós vivem comentando que a saúde dos bichos da época deles dava de dez a zero na saúde delicada de muitos dos cães e gatos da atualidade, que parecem adoecer com qualquer coisinha.

Não faltam relatos de pets daquela época que passaram dos 15 anos. Alguns chegaram até a impressionante marca dos 18 ou 20 anos. A morte vinha tranquila, segundo nos contam. Sob uma árvore, no meio de um cochilo. Os mascotes de antigamente não se coçavam por alergia – e sim por picadas de pulgas. Não era comum animais jovens desenvolverem câncer e as fêmeas, embora raramente fossem castradas, dificilmente tinham piometra (uma grave infecção uterina). Cálculos urinários eram incomuns e disfunções endócrinas, como o ultra frequente hoje em dia hiperadrenocorticismo, idem.

Um levantamento realizado pelo Kennel Club britânico em 2014 demonstrou que os cães de raça da atualidade estão vivendo por volta de 11% a menos do que os cães de uma década atrás. Esse dado veio de encontro com a minha percepção de que provavelmente não é verdade que nossos pets estejam vivendo mais. E certamente não estão também vivendo melhor.

O que percebo é uma explosão de enfermidades crônicas e debilitantes, doença renal, doença hepática, gastrite,  colite, epilepsia, diabetes, artrose, doenças auto-imunes, câncer e alergias, lamentavelmente aparecendo cada mais cedo.

Paradoxalmente, a medicina veterinária clínica e suas especialidades, a cirurgia, as ferramentas diagnósticas e o mercado nunca estiveram tão avançados e acessíveis. Então, o que está acontecendo?

Pessoalmente, acredito que o grande inimigo do bem estar, da saúde e da longevidade é o estilo de vida que os animais de companhia passaram a ter de duas décadas para cá. De casas, onde tomavam sol e se exercitavam livremente, passaram a viver em apartamentos cada vez menores. Hoje sabemos que o contato dos pés (no caso deste post, das patas) descalços com a grama e terra proporcionam amplos benefícios à saúde através da troca constante de elétrons. De comida caseira preparada com alimentos frescos e sem a carga de agrotóxicos que temos hoje, passaram a comer uma dieta industrialmente processada à base de milho e soja transgênicos. Tomavam menos banhos e sempre em casa com sabonete de barra. Hoje, batem ponto semanalmente em pet shops, onde são tratados com uma infinidade de produtos químicos: condicionadores, tonalizantes, perfumes, hidratantes.

Administração anual de até 5 vacinas injetadas simultaneamente (contendo corantes, conservantes derivados de mercúrio, adjuvantes à base de alumínio, além de células de boi, frango e ovo), aplicação mensal de pipetas inseticidas contra pulgas e carrapatos, vermifugação trimestral e anestesia geral para raspagem de “tártaro” feita periodicamente são novidades.

Há 20 anos nossos peludos sofriam muito menos intervenções. Tanta proteção pode intoxicar, pode fazer transbordar o limiar de tolerância do indivíduo. Um abuso do arsenal que previne doenças agudas pode levar o animal a desenvolver doenças crônicas. Fígado e rins precisam trabalhar dobrado para livrar o corpo dos resíduos desses produtos. O sistema imunológico corre o risco de ficar preguiçoso, hiperativo e até confuso, já que doses repetidas de vacinas, vermífugos e inseticidas assumem parte de sua função na proteção do organismo.

Com tantas maneiras de evitar doenças agudas e brandas, nos esquecemos que alguns adoecimentos representam um processo natural de renovação e fortalecimento do organismo.

É claro que você não deve virar as costas para as importantes descobertas e recomendações veterinárias dos últimos tempos. Nada disso. Prevenir é ótimo – sempre será melhor do que remediar. Mas podemos prevenir doenças sem depender exclusivamente de produtos potencialmente tóxicos e intervenções arbitrárias. Podemos prevenir doenças atuando de dentro para fora. Acima de tudo, o corpo busca a todo momento reagir e retomar o equilíbrio. O melhor que podemos fazer é identificar e eliminar os obstáculos a essa renovação e dar condições para que isso aconteça.

Se resgatarmos o bom senso da época de nossos avós e associá-lo ao avançado conhecimento técnico que temos hoje, teremos companheiros longevos como os do passado e mais saudáveis que os do presente.

Confira nossas dicas e transforme o estilo de vida do seu cão ou gato. Da mesma forma como aconteceu com a gente, você vai descobrir que oferecer ao seu peludo uma dieta caseira natural é apenas o primeiro passo para uma vida integralmente saudável.

Exercícios físicos regulares

Cães têm instinto de caça e não dispensam um bom passeio. A atividade física regular intensifica o vínculo cão-tutor, fornece estímulo mental, tonifica os músculos, lubrifica as articulações, previne diabetes e obesidade, acalma e socializa o cão e, de quebra, esvazia a bexiga e estimula a sede, o que também ajuda a prevenir doenças, como cistite e formação de cálculos urinários.

O exercício pode durar meia hora ou mais de uma hora. Vai depender do condicionamento físico do cão, da necessidade que ele tem de praticar exercícios e, claro, da sua disponibilidade de tempo. Mais importante que a duração do exercício é a regularidade. É melhor exercitar um cão vigorosamente durante 20 a 30 minutos todos os dias, do que uma apenas uma hora duas vezes por semana. E hoje em dia não faltam opções: natação, frisbee, perseguição à bolinha, agility, caminhada ou corrida.

Com muita paciência e recompensa, alguns gatos podem ser acostumados a passear na guia. A forma mais convencional de exercitar bichanos, contudo, é por meio de brincadeiras diárias com varinhas, lanterninhas laser e enriquecimento ambiental (prateleiras nas paredes, postes de arranhar com tocas etc).

A importância da saúde oral

Estudos mostram que a partir dos 3 anos de idade, 80% dos cães e dos gatos terá algum grau de doença periodontal (o “tártaro”), que causa mau hálito, gengivite e em casos mais extremos, dor e perda dos dentes. Some-se a isso o fato de que a bactérias do tártaro são super patogênicas (perigosas) e geram inflamação sistêmica, danificando precocemente os rins e o coração.

Se o tártaro já está presente em grau moderado infelizmente não adianta escovar. O melhor é procurar um bom odontólogo veterinário e agendar uma cuidadosa “limpeza de tártaro”. A partir de então, você poderá passar a escovar os dentes do pet para prevenir a recorrência.

Recomendo a escovação diária, mas se não for possível, então feita em dias alternados. Não é preciso escovar a arcada dentária de baixo e nem a face interna dos dentes. Dedique-se a massagear em movimentos circulares a face externa dos dentes da arcada superior, afastando os lábios do peludo com os dedos. Assista a um vídeo que gravei ensinando a prática. É muito mais fácil e simples do que parece e leva só um minutinho. Mesmo.

Uso gaze (ou escova Bitufo indicada para os primeiros dentinhos do bebê humano) e um pouquinho de óleo de coco para fazer a escovação, já que as peludas em casa adoram o sabor e o óleo de coco tem leve ação antisséptica. Mas você pode usar pasta específica para cães. Só não use jamais pasta de dentes humana, que contém flúor e saponáceos que não devem ser ingeridos.

Uma alternativa à escovação seria a aplicação do gel Oral Care ou spray Oral Care da marca PetZLife, que ajudam a manter os dentes limpos com menos esforço e muitas vezes até conseguem dissolver o tártaro presente em estágio inicial, desde que seja aplicado com a frequência recomendada pelo fabricante. Hoje em dia também é possível importar esses produtos pelo site da Amazon.

Esses cuidados, além de garantirem uma boca mais limpa e sadia, dispensarão a necessidade periódica de raspagem do cálculo dental (“tártaro”), que envolve anestesia geral e medicação com antibióticos.

Os riscos da radiação

Com os modernos aparelhos de radiografia da atualidade, a quantidade de radiação liberada em uma radiografia é possivelmente insignificante para o animal submetido a esse exame. Mesmo assim, atente para o fato de que a radiação se acumula no corpo. Não dá para calcular quanto de radiação é suficiente para desencadear processos degenerativos e até câncer nos animais e nas pessoas.

Não é o caso de evitar esse exame tão valioso e financeiramente acessível. Mas não o banalize. Por exemplo, submeter uma fêmea gestante à radiografia, para poder contar com exatidão o número de filhotes, expõe os frágeis fetos à radiação, o que é questionável. Uma dica de veterinários holísticos como o Dr. Martin Goldstein, de Nova York, é oferecer doses generosas de vitamina C (20mg por kg de peso do pet) antes e imediatamente após o exame de Raios-x, a fim de reduzir os efeitos oxidativos da radiação.

A ultrassonografia, entretanto, é uma exame de imagem seguro, abrangente e nada invasivo. Não emite radiação e pode substituir a radiografia em boa parte dos casos. Converse a respeito com o veterinário do seu peludo.

Vitamina D e exposição ao sol

Hoje sabemos a vitamina D, aquela obtida através do contato direto da nossa pele com o sol, é de uma importância fundamental para o bom funcionamento do organismo, em especial, do sistema imunológico.

Isso, porque a vitamina D regula cerca de 10% da expressão dos nossos genes e sua deficiência aumenta muito o risco de doenças auto-imunes (hipotiroidismo, lúpus, pênfigo, trombocitopenia auto-imune etc) e câncer. Um estudo (K.A. SELTING) verificou que cães que apresentaram níveis ideais de vitamina D3 no sangue (100 a 120 nanogramas por ml) apresentaram uma redução drástica na incidência de câncer.

Mas, antes que você coloque seu peludo no sol para obter essa valiosa mãozinha, saiba que a pigmentação escura da pele e a cobertura de pelos tornam os cães praticamente imunes à absorção dos raios. Cães de barriguinha rosada e pelada que se deitam de barriga para cima por pelo menos 20 minutos diretamente no sol do meio-dia podem estar fabricando a vitamina. Mas todos os outros estarão apenas se aquecendo.

Na natureza, a vitamina D é fornecida aos canídeos pelo consumo de vísceras (principalmente rim, mas também fígado), peixes como a sardinha, cogumelos e ovos. Em casa, podemos entrar com manteiga (não confundir com margarina) como fonte de gordura saudável, salsinha fresca picada e iogurte natural integral, outras fontes do nutriente.

Para cada 1.000 calorias de dieta, um cão saudável deve receber por volta de 500UI (unidades internacionais) de vitamina D3, que é a vitamina em sua forma ativa. O fornecimento contínuo de mais de 630UI de vitamina D3 para cada 1.000 calorias de dieta pode intoxicar um pet. Um quilo de Alimentação Natural cozida (ou crua sem ossos) fornece cerca de 1.400kcal, ao passo que um quilo de AN crua com ossos fornece cerca de 1.600kcal.

No check-up geral do seu pet, solicite ao veterinário clínico-geral ou nutricionista a dosagem de vitamina D3. Se estiver baixa, pode ser recomendável suplementar a dieta com vitamina D3 em gotas, à venda em farmácias humanas. O veterinário te orientará quanto à dosagem.

Vale lembrar que cães e gatos de pelagem branca na cara, com o nariz despigmentado e com pouca cobertura de pêlos são mais suscetíveis ao câncer de pele e merecem atenção nesse quesito. Devem evitar a exposição ao sol e talvez até usar um protetor solar formulado especificamente para pets nas áreas mais sensíveis durante os períodos mais quentes do dia.

Pit Bull de “nariz” despigmentado, mais sensível à ação dos raios ultra-violetas

Água de qualidade

De longe, a água é o nutriente mais importante para o organismo. Ao perder míseros 10% de água, o corpo de um homem, cão ou gato entra em desidratação severa e fica à beira da morte.

Eliminar um volume adequado de urina expulsa do corpo elementos tóxicos e é medida fundamental para prevenir cálculos urinários, doença renal crônica e infecções.

Estimule cães e gatos a beber mais água espalhando vasilhas de água fresquinha – trocada diariamente – pela casa. Promova exercícios físicos diariamente e ofereça dieta caseira, uma opção que naturalmente contém cerca de 70% de água, contra os parcos 11% de umidade das rações secas. Igualmente importante é a qualidade da água.

Aqui em casa oferecemos às nossas peludas a mesma água que bebemos: purificada em filtro de argila São João, que remove a maior parte do cloro (metal tido como potencialmente cancerígeno e disruptor endócrino) e das bactérias, além de outras impurezas.

Oportunidades de urinar

Não basta ingerir bastante água de qualidade. É preciso urinar sempre que se tem vontade, o máximo de vezes ao dia. É isso que nossos médicos nos dizem, não é mesmo? Com os pets deve valer a mesma regra se desejamos prevenir a ocorrência de dolorosos cálculos urinários e infecções de bexiga.

Gatos não precisam passear para fazer xixi. Mas requerem caixas de areia limpas, com granulado sanitário da preferência deles e posicionadas em lugares silenciosos (esqueça a superfície da máquina de lavar) e de fácil acesso (se possível, no chão). Para evitar disputas e estresse relacionados ao troninho, especialistas em felinos recomendam disponibilizar uma caixa de areia para cada gato da casa, e uma extra. Ou seja, em uma casa com três gatos, deve haver três liteiras, mais a de reserva.

Cães também precisam se aliviar o máximo de vezes por dia. Segurar o xixi por muitas horas concentra demais a urina, o que predispõe à formação de cálculos e infecções urinárias. Cães que moram em apartamento e foram treinados para fazer xixi apenas na rua devem descer no mínimo três a quatro vezes (melhor) por dia. Melhor mesmo é transformar um cantinho do apartamento em banheiro. Assim, ele vai sempre que estiver apertado.

Evite o microondas

Esse forninho é uma mão na roda. Mas pesquisas alertam: seu uso rotineiro é contra-indicado. O microondas promove um aquecimento anormal que agita as moléculas dos alimentos de forma tão veloz e violenta, que leva a significativas perdas nutricionais. Pior que isso: mesmo exposições breves podem converter elementos da comida em substâncias que fazem mal à saúde, podendo aumentar o risco de câncer e distúrbios hormonais.

Equilíbrio emocional

Os pets, assim como nós, adoecem quando estão infelizes ou estressados. Todo cão precisa de doses diárias de companhia humana para ser feliz. Mas só um colinho não faz milagre. Cães e gatos precisam de constância na educação e no manejo, exercícios físicos regulares, estímulo mental e enriquecimento ambiental com brinquedos, ossos naturais etc. E, muito importante: precisam de respeito e liberdade para serem cães e gatos. Eles podem ser nossos filhos. Mas são filhos caninos e felinos!

Prefira modalidades holísticas de tratamento

Medicamentos convencionais são imprescindíveis em muitos casos – mas quase sempre é possível tentar primeiro um tratamento com as terapias ditas complementares. Opções de tratamentos incluem Homeopatia, Acupuntura, Ozonioterapia, Fitoterapia Chinesa ou ocidental, Florais de Bach ou de Saint Germain e Quiropraxia.

Somos fãs da Homeopatia. Ela já curou ou melhorou muito casos de alergia, otites, infecções genitais, problemas comportamentais, dores, e até delicados quadros ortopédicos de nossos cães e gatos, sem efeitos colaterais, sem viciar e sem sobrecarregar os rins e fígado deles. Com Acupuntura, outra terapia fascinante, nossa Golden recuperou a movimentação de uma pata fraturada e submetida sem sucesso a uma complicada cirurgia. Era candidata a uma segunda cirurgia! Antes de tratar nossa turma com corticóides, antibióticos, analgésicos e antiinflamatórios, damos uma chance à Homeopatia, frequentemente com surpreendentes resultados.

Aqui você encontra uma lista de veterinários que atuam com modalidades holísticas em todo o Brasil. Eles fizeram meu curso de Alimentação Natural terapêutica. Aproveite!

Maneire nos anti-pulgas e carrapaticidas

Como diz a veterinária norte-americana Dra. Karen Becker, “Só porque um composto é aplicado ou usado na pelagem do seu pet não significa que seja seguro. Lembre-se: o que é aplicado na pele do animal, também entra no organismo por absorção através da pele ou por ingestão quando o bicho se lambe”.

Esses produtos são inseticidas e nos Estados Unidos estão relacionados a mais de 40 mil casos de intoxicações nos pets anualmente. Mais uma vez, não é para abolir seu uso. No pico do verão, por exemplo, pode ser difícil controlar infestações de pulgas e carrapatos sem a ajuda de um produto mais forte. Mas há anos temos conseguido. Moramos em casa com gramado, nossas peludas frequentam a rua e é muito difícil acharmos nelas um carrapatinho ou uma pulga.

Sabe-se que pulgas, carrapatos, mosquitos e outros parasitos se alimentam primeiro em animais menos saudáveis. Portanto, o objetivo do controle preventivo de pulgas e carrapatos é promover a saúde máxima de seu cão ou gato. Naturalmente isso tornará o pet mais resistente e menos atraente aos parasitos.

Para aumentar a resistência natural do organismo, mantenha o pet no peso ideal (gordinhos tendem a ser imunossuprimidos), ofereça dieta natural feita com alimentos frescos, vacine e medique com moderação e forneça diariamente suplementos com ação repelente, como pedacinhos de alho fresco (algo como 1/4 de um dente médio de alho bem picadinho para cada 10kg de peso) e uma colher de café ou de chá de levedura de cerveja em pó, dependendo do porte do animal. Uma colher de sobremesa ou de sopa de vinagre de maçã adicionada à vasilha de água do pet também ajuda a espantar esses parasitos.

E por fim, não descuide da limpeza do ambiente, onde ficam 95% das formas imaturas de pulgas e carrapatos. Passe o aspirador de pó frequentemente, tomando o cuidado de jogar o saco fora a cada aspiração. Parece exagero, mas o calor do aspirador faz as pulgas emergirem das pupas e com isso o saco não descartado se torna um criatório de pulgas adultas famintas que rapidamente infestam o animal e o ambiente. Mantenha a grama do jardim sempre aparada e livre de folhas mortas, para que o sol destrua as fases intermediárias das pulgas. Deixe limpas caminhas, casinhas, cobertores e outras superfícies onde o animal dorme, lavando-as com frequência e colocando-as no sol diariamente.

Postamos nossas sugestões de protocolos naturebas no manual SOS do Cachorro Verde. Não deixe de conferir!

Dieta natural

“Você é o que você come.” E com seu pet não é diferente. Cada vez mais estudos estão comprovando aquilo que instintivamente já sabíamos: dieta caseira variada e preparada com alimentos frescos é superior a alimentar exclusivamente com ração industrializada. Não é à toa que nossos nutricionistas e médicos recomendam o consumo de alimentos frescos e variados e nos mandam maneirar nos industrializados, nas sopas de pacote, shakes, barrinhas, etc.

Rações, mesmo as caras Super Premium recomendadas por veterinários, costumam reunir tantos problemas que é até difícil de resumir. Vamos aos principais:

  • Alta carga glicêmica. Com frequência, cinquenta a sessenta por cento dos ingredientes que compõem as rações costuma ser composta por carboidratos simples que viram açúcar no organismo, gerando obesidade, flutuações glicêmicas e quadros inflamatórios.
  • Presença de soja e milho transgênico. Um estudo mostrou que ratinhos que passaram a vida toda consumindo ração transgênica apresentaram risco de câncer muito maior e morreram mais cedo. Além disso, milho e soja são alimentos considerados altamente alergênicos para cães e gatos.
  • Presença de toxinas fúngicas (micotoxinas) em rações à base de milho e soja. Essas toxinas não são destruídas pelo cozimento e podem afetar o funcionamento do cérebro, sistema reprodutor, endócrino e o fígado dos pets, além de sere, consideradas cancerígenas.
  • Presença de subprodutos nocivos à saúde, oriundos do processamento industrial de carboidratos e proteínas em altas temperaturas, respectivamente acrilamidas e aminas heterocíclicas. Ambas têm sido estudadas como fatores que podem aumentar o risco de câncer em humanos.
  • Em grande parte dos produtos, a matéria-prima é de qualidade questionável e pouco nutritiva. No lugar de carne fresca, ingredientes rejeitados para consumo humano, como farinha de subprodutos de frango. No lugar de vegetais frescos e variados, muito milho e soja.

Uma dieta caseira contém 70% de umidade natural, o que favorece a saúde dos rins e da bexiga. Pode ser composta por alimentos frescos e saborosos, de alto valor nutricional, como carnes, fígado, ovos, peixes, legumes, verduras e frutas, o que garante a ingestão de vitaminas, minerais, aminoácidos, antioxidantes e ácidos graxos 100% naturais.

A dieta caseira dispensa aditivos químicos potencialmente prejudiciais à saúde, como conservadores, corantes, flavorizantes, aglutinantes, acidulantes, sal refinado em excesso etc, e pode ser formulada sob medida para a espécie, idade e condição de vida e de saúde de seu cão ou gato.

Em nosso site você encontra guias completos e gratuitos sobre Alimentação Natural em três modalidades diferentes, para cães e gatos: crua com ossos, crua sem ossos e 100% cozida (sem ossos).

Castração

Esterilizar o pet cirurgicamente pode ser uma medida importante para a longevidade e saúde dele. Gatos sexualmente intactos, por exemplo, saem mais às ruas, onde disputam fêmeas e brigam com outros machos, ficando sujeitos a atropelamentos, envenenamentos e infecção por vírus felinos. Cadelas também podem lucrar com a castração, que evita terminantemente a perigosa piometra (infecção do útero) e que, se feita até uma certa idade, reduz o risco de tumores de mama e desmotiva fugas estimuladas pelo instinto de copular. E, talvez o mais importante, tendo em vista o sofrimento coletivo: castrar os pets é medida fundamental para controlar a população de animais sem lar.

A castração pode ser indicada para todos os cães e gatos que não se destinam à reprodução. Entretanto, tem-se discutido no âmbito científico muito sobre as vantagens e desvantagens de se castrar os pets antes ou logo após a puberdade. Há que se pesar os prós e os contras. Por motivos que levanto nesse artigo, com diversos textos veterinários recentes como referência, optei por castrar minhas cadelas após seu pleno desenvolvimento físico e não antes da puberdade, como ainda recomendam muitos colegas.

Genética/Canil

Se você está disposto a comprar um filhote, em vez de adotar, informe-se a respeito das principais doenças de caráter genético daquela raça e veja se existem exames confiáveis que avaliam os cães reprodutores quanto às chances de transmissão hereditária de doenças, como displasia coxofemoral, doença cardíaca, atrofia progressiva de retina etc. Não existem garantias. Mas é uma maneira de reduzir o risco de adquirir um filhote com doenças que podem ser controladas.

Também aconselhamos que você procure evitar a compra de filhotes frutos de acasalamentos entre animais com parentesco próximo, também chamados de inbreeding. Conforme abordamos com mais detalhes no artigo “Por fora, bela viola…”: Quando não estamos mais falando de raças em formação, quando já temos no mundo uma quantidade suficiente de exemplares de uma raça para diversificar os acasalamentos e ampliar o gene pool, será que o inbreeding continua sendo uma necessidade?

Pesquisas recentes indicam que a consangüinidade não é o atalho genético inócuo que muitos criadores acreditam ser. Coincidência ou não – pessoalmente, acredito que não – a média de longevidade dos Goldens das linhagens de trabalho, que carregam muito menor taxa de inbreeding, é superior à média de longevidade dos Goldens extremamente consangüíneos criados para exposições de beleza.

Outro ponto importante é o manejo do filhote no canil. Práticas contraindicadas incluem:

  • Desmame precoce, realizado antes dos 30 dias de vida da ninhada.
  • Aplicação de vacina polivalente V8 ou V10 antes dos 60 dias de vida. Mais indicado seria aplicar uma vacina com menos antígenos, como a V2 (“Puppy”), que protege contra cinomose e parvovirose, as doenças que mais acometem filhotes novinhos. Nessa idade, vacinas com mais “doenças” são um exagero, o organismo do bebê não tem condições de formar anticorpos para dez antígenos e a maior parte deles será destruída pelos anticorpos maternos.
  • Vacinar e entregar o filhotinho no mesmo dia. É um duplo desafio para o organismo, com consequências para a imunidade. E o corpo leva pelo menos 7 dias para formar anticorpos.
  • Entregar o filhotinho antes de pelo menos 60 dias de vida. Quanto mais tempo o filhote puder passar com a mãe e com os irmãozinhos, melhor. Um filhote entregue antes disso teve que ser vacinado muito antes, o que é contra-indicado até pelos fabricantes de vacinas e pode prejudicar seriamente o frágil e imaturo sistema imunológico.

Não exagere nas vacinas

Essa é a questão mais polêmica de todas. Mas, na nossa opinião, é também uma das mais importantes. Vacinas protegem com eficiência nossos pets contra doenças virais perigosas, como a parvovirose e a cinomose. Entretanto, muitos veterinários imunologistas e pesquisadores vêm questionando, há mais de 30 anos, a recomendação de revacinar cães e gatos anualmente.

Você pode não acreditar, mas essa recomendação foi criada pelos fabricantes de vacinas na década de 1970 e não é apoiada por nenhum (nenhum!) estudo científico independente dos últimos 15 anos. Tanto é que nenhuma pessoa que você conhece toma todos os anos todas as vacinas que existem. Essa é uma prática desnecessária e absurda do ponto de vista fisiológico, já que nossa imunidade – e a dos animais – possui memória. Grande parte das vacinas é capaz de gerar proteção duradoura de no mínimo 5 anos a toda a vida do peludo.

Não é questão de abolir as vacinas. Ninguém aqui é anti-vacina. O advento das vacinas prestou um serviço inestimável à civilização e aos pets, mas é preciso usá-las com cautela, saber quando e quais devem ser aplicadas de acordo com o estilo de vida e com os riscos reais que cada pet corre. Isso, porque a vacinação é um procedimento inócuo. De acordo com dezenas de trabalhos científicos ela pode ocasionar reações adversas ocasionalmente graves, como doenças auto-imunes, epilepsia, glomerulonefrite e até óbito.

Não deixe de conferir nossos artigos a respeito desse assunto tão importante, fortemente amparados por farta literatura científica (inclusive do Brasil):

Por favor, leia esses textos e esteja bem informado sobre vacinação. Pelo bem do seu peludo você talvez precise algumas vezes durante a vida dele recusar serviços desnecessários que não se justificam e que podem colocar a saúde dele em risco. Lamentavelmente, vacinar todo pet com todas as vacinas existentes todos os anos é um exemplo clássico de conduta arbitrária. Lembre-se: você é o advogado do seu peludo.

Vermifugação com critérios

Vermífugos são… venenos. Literalmente. Veneno para vermes. É sabido, por exemplo, que podem afetar o fígado. Entretanto, assim como é o caso com as vacinas, não é preciso fugir dos anti-parasitários, mas saber usá-los. Fêmeas devem ser vermifugadas antes de serem acasaladas, por exemplo, para evitar que sofram com parasitismo durante a gestação, quando fica arriscado vermifugar.

Com 15 dias de vida, os filhotinhos devem ser vermifugados, uma vez que um processo natural aconteceu durante a gestação: a migração de larvas de vermes presentes nos músculos das mães, para os fetos. Duas semanas depois, esses filhotes devem receber uma nova dose de vermífugo, para destruir os vermes que resistiram à primeira medicação. Em situações como essas, o vermífugo é útil e necessário. Mas vermifugar a cada 3 meses para o resto da vida? Não concordo. Até porque o vermífugo não possui ação residual (preventiva). É sempre apenas curativo (um tratamento pontual). Se não há o que tratar, pra que medicar o pet?

Em vez de repetir arbitrariamente a vermifugação dos meus pets, o que faço quando eles atingem a vida adulta é submeter a cada seis meses três amostras de suas fezes, colhidas em dias intervalados, ao exame coproparasitológico. Esse exame pesquisa a presença de parasitos intestinais. Se o exame der negativo e eles estão sem sintomas de verminose, não faço absolutamente nada. (Até hoje os exames sempre deram negativos – olha aí a imunidade!). Nossa cadelinha mais velha, nascida em 2003, recebeu a última dose de vermífugo há mais de 10 anos. Em caso de exame positivo, é só medicar de acordo com o parasito encontrado.

Para prevenir verminoses, pico bem miudinho um dente de alho cru e divido entre nossas cadelas misturando no jantar ou almoço delas diariamente ou três dias por semana. Está bem longe da dosagem que intoxica, não se preocupe. O alho tem propriedades fantásticas: é viricida, bactericida, vermicida e combate o câncer, a hipertensão e o colesterol. Só não indico para os gatos, que são mais sensíveis à toxicidade do alho. No material SOS menciono produtos homeopáticos bacanas que também agem prevenindo e controlando verminoses. 

Material das tigelas

Com tantos tipos de comedouros e vasilhas para água, como saber qual escolher? De plástico? De cerâmica? De alumínio? De inox? De vidro? Leia esse nosso artigo e entenda porque você deve aposentar o quanto antes os potinhos de plástico e de alumínio em favor de recipientes de inox, cerâmica ou vidro.

Adestramento e educação

Cães educados e adestrados são mais equilibrados e nos compreendem melhor. A comunicação mais fácil reduz a frequência de broncas e castigos e isso diminui o estresse e a ansiedade do cachorro. Além disso, cães educados se comportam melhor e isso leva a mais oportunidades de frequentar shoppings, praças, padarias, parques, praias etc. Caso escape da guia, um cachorro adestrado pode ser solicitado a sentar e a ficar e isso impede acidentes, fugas e brigas com outros cães.

Cuidado com a anestesia

Anestesia é um dos principais fatores de risco em um procedimento cirúrgico. Para reduzir as chances de algo dar errado na cirurgia, prefira submeter seu cão ou gato a cirurgias comandadas por um veterinário cirurgião e por um veterinário anestesiologista. Existem bons profissionais que operam e anestesiam, mas esse geralmente não é o caminho mais seguro. Aliás, desconfie de quem oferece cirurgias muito baratas. Alguns veterinários ainda lançam mão de protocolos anestésicos antigos que imobilizam o animal para cirurgia, mas que não eliminam a dor das incisões durante o procedimento. Esses protocolos anestésicos pouco analgésicos costumam ser mais em conta e em geral são adotados por profissionais que, sozinhos, operam e anestesiam.

Como toda anestesia – e cirurgia – implica em risco e pode prejudicar órgãos como o fígado, os rins e o coração, além de baixar a imunidade, não banalize esse procedimento. Em vez de submeter o pet a extrações do cálculo dental (“tártaro”) anualmente, prefira fazer uma forcinha e escovar os dentes dele pelo menos a cada dois dias. Ofereça periodicamente grandes ossos porosos crus para que ele também ajude a manter os dentes limpos. Esses cuidados espaçam a frequência dessas cirurgias e poupam o seu bolso.

Previna/combata a obesidade

Atualmente sabemos que animais obesos:

  • Vivem em média 2 anos a menos, conforme mostrou um estudo com Labradores;
  • Apresentam maior incidência de cardiopatias;
  • Desenvolvem diabetes por resistência à insulina;
  • Apresentam intolerância ao exercício físico;
  • Sofrem mais com doenças osteoarticulares;
  • Podem apresentar dificuldade respiratória;
  • Têm a imunidade mais baixa;
  • Estão mais predispostos a hiperlipidemia (gordura em excesso no sangue);
  • Enfrentam mais dificuldades para emprenhar, gestar e parir;
  • Têm mais tendência a desenvolver tumores mamários;
  • Estão mais sujeitos à malasseziose e outras afecções dermatológicas;
  • Correm mais riscos anestésicos;
  • Tornam difícil a realização de exames exploratórios, como radiografia, palpação e auscultação;
  • Têm muito mais chance de romper o ligamento cruzado;
  • Freqüentemente apresentam infiltração gordurosa no fígado;
  • Correm mais risco de sofrer uma pancreatite hemorrágica aguda;
  • São mais propensos à hipertermia em dias quentes;
  • Têm maior tendência à formação de cálculos urinários;
  • São mais predispostos (no caso de fêmeas) à incontinência urinária;
  • Apresentam maior incidência de infecções urinárias;
  • Formam mais calos de apoio.

Ou seja, um pet gordinho não é um animal mais fofo, mais forte, nem mais feliz. Ele sofre com o excesso de peso. As células de gordura produzem substâncias inflamatórias, que acentuam as dores e as limitações. Se seu cão tem brigado com a balança, você precisa ler nosso guia para perda de peso com dieta caseira. Você vai aprender a determinar o peso ideal de seu cão, analisará todos os fatores que o levaram à obesidade e poderá instituir, com acompanhamento do veterinário, nossas sugestões de dietas caseiras. Com essa reeducação alimentar seu melhor amigo retornará ao peso ideal sem sofrimento e com saúde.

Outro ponto muito importante: não ofereça alimentos inadequados nem excesso de petiscos ao seu peludo. Bolo, pão, borda de pizza, embutidos, bifinhos convencionais para cães e gatos, ossos de couro bovino prejudicam a saúde do pet. Guloseimas devem ser alimentos saudáveis e minimamente processados (algumas colheradas de iogurte natural, queijo minas frescal, biscoitos feitos em casa, frutas etc) e não devem ultrapassar 10% a 15% a mais do total da dieta. Ou seja, se seu peludo come 500g de alimento por dia, sirva no máximo 50g a 75g de petiscos.

Em relação a gatos, a coisa é mais complicada. Gatos obesos precisam ser acompanhados de perto por um veterinário com experiência em metabolismo felino. Isso, porque os gatos têm uma particularidade: quando emagrecem muito depressa têm o fígado inundado por gordura, o que literalmente emperra o funcionamento desse importantíssimo órgão. Devido a essa condição, chamada lipidose hepática, o gato adoece rapidamente e pode morrer em questão de dias.

Nossa Maya, Dachshund Pelo Longo, super em forma e saudável!

Check-ups periódicos

Você sabia que foi pensando nos check-ups anuais que na década de 1970, os fabricantes de vacinas, em conjunto com os veterinários, criaram a recomendação dos reforços vacinais anuais? Naquela época, os pets eram vacinados somente quando filhotes, assim como acontece com nossas crianças. Depois de adultos, esses animais voltavam pouco ao consultório, apenas quando desenvolviam sintomas percebidos pelos tutores. Pensando em aumentar o número de consultas e também em prevenir doenças por meio de exames rotineiros, veterinários e farmacêuticos investiram na ideia dos reforços vacinais anuais.

A iniciativa claramente pegou, embora na minha opinião – e na opinião de inúmeros veterinários – os reforços anuais tragam muito mais problemas do que benefícios aos animais. E o que é pior: frequentemente, os veterinários se esquecem de realizar um check-up completo antes de imunizar o animal, o que ironicamente põe a perder todo o propósito dessa iniciativa.

Em resumo: leve seu cão ou gato ao veterinário anualmente. Não pelas vacinas, mas pelo exame preventivo. Principalmente quando ele tiver mais de 6 anos. O veterinário vai pesar o animal, palpá-lo, auscultar o coração e os pulmões, olhar os dentes, examinar os olhos e os ouvidos, inspecionar a pele e a pelagem e solicitar exames, caso ache necessário. Esse cuidado detecta problemas no comecinho, evitando sofrimentos e surpresas desagradáveis lá na frente.

Ufa! É bastante coisa, né? Mas você não precisa colocar tudo em prática de uma vez. Pode ir incorporando uma iniciativa por vez. A saúde brilhante do seu peludo será a motivação para seguir em frente, você vai ver! Desejo a vocês muita paciência e bom senso. 😉