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Consideramos que os cães entram na fase sênior a partir dos 5 anos no caso de portes gigantes, aos 7 anos para portes grandes, aos 8-9 anos para portes médios, e aos 9-10 anos para portes pequenos e miniaturas. A fase geriátrica, por sua vez, se inicia aos 10 anos para portes grandes e gigantes, aos 12 anos para portes médios, e aos 14 anos para portes miniatura e pequenos. Já os gatos podem ser considerados sênior aos 11 anos e entram na fase geriátrica a partir dos 15 anos.

Uma dúvida frequente entre tutores de cães e gatos mais maduros é se a dieta deve ser ajustada à medida que envelhecem.

Ainda persistem concepções ultrapassadas de que devemos reduzir automaticamente o teor de proteína para preservar a saúde renal e proibir o consumo de sal para proteger o coração.

Repitam comigo: idade avançada não é sinônimo de doença. Conheço cães idosos que estão melhor de saúde do que alguns pacientes jovens. Minha cachorrinha Polly, com seus 15 anos, não possui nenhum diagnóstico de doença e continua a receber sua Alimentação Natural crua com ossos.

Mesmo entre peludos idosos com condições crônicas, não é cabível fazer generalizações quanto à dieta. Por exemplo, um cão com doença cardíaca, mas com função renal saudável, pode se beneficiar de uma dieta rica em proteína. Por outro lado, para um gato com questões pancreáticas e/ou hepáticas a dieta com menor teor de gordura é boa pedida. Para pets em tratamento de câncer, é geralmente recomendado reduzir ao máximo a quantidade de carboidratos e aumentar a ingestão de gorduras.

Em resumo, cada indivíduo envelhecendo é único em suas necessidades. A formulação e a composição da dieta devem ser ajustadas com base no que o pet demonstra clinicamente, em seus resultados de exames, nos tratamentos que recebe e em seu histórico de saúde.

É compreensível que o período correspondente ao terço final da vida de nossos cães e gatos gere angústia. Principalmente porque começamos a perceber diferenças, muitas vezes repentinas, no temperamento, mobilidade, disposição, capacidade cognitiva e até mesmo no padrão de consumo de alimento e água.

Vejamos os pontos que considero mais importantes quando o assunto é a alimentação dos nossos “véinhos”.

Proteína

Vamos aproveitar e desbancar dois mitos. Proteína de boa qualidade não prejudica rins saudáveis. Cães e gatos idosos requerem um teor de proteína até um pouco mas elevado na dieta (FINCO et al, 2011; CASE et al, 2011; LAFLAMME DP, 2008). A ingestão adequada de proteína é importante considerando a perda muscular que acompanha essa fase e para a saúde cardiovascular e funcionamento do sistema imunológico.

Sódio

A adição de uma pitadinha de sal é totalmente opcional na dieta de cães adultos e na de gatos em todas as idades. Mas a única situação em que o sódio deve ser completamente restrito na dieta é em caso de cães e gatos com cardiopatia congestiva, um quadro cardiológico avançado.

Calorias

Cães e gatos idosos com frequência têm diminuição de massa magra, aumento de massa gorda e passam mais tempo dormindo. Tudo isso reduz o gasto energético. Nessa fase pode ser interessante reduzir um pouco o teor de gordura da dieta, preferindo cortes de carnes mais magras (peito de frango, filé mignon suíno, músculo bovino, peixes).

Palatabilidade

O paladar pode subitamente ficar seletivo nessa fase, seja por redução do olfato, déficit cognitivo, desconforto digestivo ou nos dentes etc. Varie apresentação da comida e observe o que agrada: comida morna, triturada ou em pedacinhos. Um fio de azeite, um pouco de iogurte ou caldo de ossos sobre a refeição pode deixar tudo mais gostoso.

Hidratação

O adequado grau de hidratação reduz o desconforto articular e o risco de quadros renais e urinários, comuns nessa fase. Além de oferecer Alimentação Natural (que tem 7x mais água que a ração seca) podemos servir um pouco de caldo de ossos ou de água saborizada com iogurte 2x ao dia, entre as refeições, para aumentar a ingestão hídrica.

Dieta funcional

Alimentos com efeitos antiinflamatórios e ricos em antioxidantes são importantes em qualquer faixa etária, mas principalmente a partir da fase sênior do pet. Amoras, sardinha, salsinha, kefir, brotos, spirulina, clorela, própolis, cúrcuma, gengibre, abacaxi, cogumelos, gema de ovo e caldo de ossos são boas adições.

Fibras

O grau mais baixo de hidratação associado com a redução da atividade física comuns dessa fase podem deixar o intestino mais preguiçoso. É o caso do seu peludo? Aumente a ingestão hídrica, proporcione atividade física e incremente fibras. A adição de um pouco de abóbora cabotian, quiabo ou inhame cozidos ajuda. Ou fibra Psyllium como 1% do total da dieta.

Peso

O excesso de peso nos pets sobrecarrega as articulações, dificulta a respiração e a regulação da temperatura, além de favorecer quadros endocrinológicos. Dito isso, vejo muitos cães e gatos geriátricos com baixo escore corporal (magros demais), o que os fragiliza frente a intercorrências. Pensando nisso eu até gosto de um pet geriátrico com reservinha.

Atenção e respeito

Essa é uma fase de mudanças. O cachorro ou gato que sempre mastigou seus ossos carnudos agora prefere moídos. Comia bem vários vegetais, agora só aceita três tipos.
Conte com o suporte de uma veterinária experiente em nutrição e realize exames frequentemente para detecção precoce de alterações na saúde.

Sylvia Angélico
Médica Veterinária
pós-graduada em Nutrição Animal
CRMV-SP 29945

Comunicado Cachorro Verde

As informações divulgadas em nossas postagens possuem caráter exclusivamente educativo e não substituem as recomendações do médico-veterinário do seu cão ou gato. Por questões ético-profissionais, a Dra. Sylvia Angélico não pode responder certas dúvidas específicas sobre questões médicas do seu animal ou fazer recomendações para seu pet fora do âmbito de uma consulta personalizada. Protocolos de tratamento devem sempre ser elaborados e acompanhados pelo médico-veterinário de sua confiança.

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