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Assim como nós, o cão apresenta na língua receptores para sabores adocicados. Todas as subespécies de Canis lupus consomem um pouco de frutos silvestres, em especial amoras. Isso explica a apreciação que muitos cães têm por frutas. Com o gato é o contrário, embora haja exceções. Frutas não fazem parte da sua dieta na natureza e eles são incapazes de distinguir o sabor doce.

Com moderação, frutas são uma ótima inclusão à dieta. Elas fornecem água, vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes. Digo “com moderação” porque também são fonte de frutose, um açúcar cujo consumo excessivo pode levar a problemas como disbiose, obesidade, hiperglicemia, hipertrigliceridemia e fígado gorduroso.

Uma regra segura é limitar frutas a um máximo de 10% do total de alimento diário. Se minha cachorrinha Polly recebe 300g de AN por dia, por exemplo, sirvo até 30g de frutas a ela como um extra. Uma maneira prática de incluir frutas valiosas, como abacate e amoras, na dieta de um pet desinteressado em frutas, é adicioná-las como parte da porção de vegetais da dieta, até um terço da quantidade total. Você pode disfarçar a presença das frutas triturando-as com os vegetais, ou até mesmo com parte das carnes ou vísceras.

Prefira frutas in natura e evite as processadas e enlatadas. Nunca ofereça uvas de nenhum tipo, nem carambola, que contém a toxina caramboxina e altos níveis de ácido oxálico, ambos prejudiciais aos rins dos pets. Certifique-se de retirar caroços de frutas como manga, ameixa e pêssego, para evitar obstrução. Também é prudente remover as sementes de maçã e pêra, que contêm compostos cianogênicos, antes de oferecer essas frutas, principalmente a cães de porte pequeno.

Infelizmente, muita informação equivocada, exagerada ou ultrapassada sobre frutas ainda circula pela Internet. Contrariamente ao que se pensa, frutas cítricas não são contraindicadas para pets, pois o pH do suco gástrico deles é mais ácido do que o de qualquer fruta. Avocados e abacates são seguros, desde que as partes da fruta que contêm a toxina persina, como o caroço, a casca, as folhas e o caule, não sejam oferecidas.

Confira abaixo 9 frutas que recomendo na dieta dos peludos:

Morango

Morangos são ricos em vitamina C. Embora o organismo dos pets, ao contrário do nosso, consiga sintetizar essa vitamina, é benéfico oferecê-la por fora. A vitamina C neutraliza radicais livres, reduz inflamação e retarda o envelhecimento cognitivo. O morango também concentra fisetina, flavonóide com propriedades anticarcinogênicas, antiinflamatórias e promotoras da saúde dos neurônios. Sirva-o maduro (não verde) e prefira orgânico; é um dos vegetais mais contaminados por agrotóxicos.

Abacaxi

Uma colher de sopa de abacaxi concentra 58mg de betacaroteno e quase 80mg de vitamina C. Os cães, mas não os gatos, são capazes de converter o betacaroteno em vitamina A, benéfica à imunidade e saúde dos olhos. A vitamina C, além dos efeitos já citados, participa da síntese de colágeno, noradrenalina e carnitina. Mas eu destacaria a bromelina, enzima proteolítica que o abacaxi concentra e que tem ação digestiva, contra a bactéria E. coli, antiinflamatória e analgésica.

Goiaba

Ela tem 4x mais vitamina C que a laranja. Mas é na concentração de compostos bioativos que ela brilha. Sua quercetina tem propriedades antiinflamatórias, antialérgicas e neutroprotetoras. Sua guaijaverina tem ação contra placa bacteriana. Também tem licopeno, que ajuda a reduzir o risco de câncer e problemas oculares. De quebra, tem pectina, fibra que promove o crescimento e preserva a integridade da mucosa intestinal, além de favorecer a adesão de bactérias benéficas. (Doi: 10.3389/fmicb.2019.00223 e https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20495116/).

Banana

Popularíssima como petisco para cães, a banana reúne uma variedade de fitosteróis, aminas biogênicas, carotenóides e compostos fenólicos que reduzem dano celular causado por raios UV, poluição e metais pesados, além de ajudar a reduzir os ditos maus colesteróis em favor do bom. Prefira oferecer banana verde, ou então apenas ligeiramente madura, se o pet aceitar. Assim, ela concentra menos açúcar e contém pectina e amido resistente que têm importante efeito prebiótico.

Kiwi

Um estudo demonstrou que o ácido gálico, um composto fenólico presente no kiwi, ajuda a aliviar problemas intestinais em filhotes de cães causados por estresse (doi: 10.3389/fimmu.2021.813890). O kiwi é repleto de elementos com funções terapêuticas antitumorais, antidiabéticas, neuroprotetoras e até promotoras da sensação de bem-estar. Também fornece luteína, carotenóide que reduz o risco de cegueira senil e o estresse oxidativo após atividade físico (doi: 10.2460/ajvr.2000.61.886).

Amoras

Essas miudinhas são adições excelentes a qualquer dieta. Amoras, framboesas e mirtilos concentram as famosas antocianinas, pigmentos que são antioxidantes poderosos, com conhecida ação cardio e neuroprotetora. Também fornecem ácido elágico, polifenol benéfico ao fígado, que ajuda a regular as taxas de gorduras e açúcar no sangue e tem efeito antitumoral e antiviral. As fibras presentes nas amoras também rendem ótimo adubo para o microbioma intestinal.

Romã

Um dos muitos composos bioativos da romã, os elagitaninos, são metabolizados em urolitina A pelo microbioma intestinal. Segundo estudos, a urolitina A pode otimizar a saúde cognitiva e estimular a “faxina” interna (autofagia) que elimina toxinas e células alteradas. Cães que consomem romã também exibiram melhor saúde cardíaca (http://www.jarvm.com/articles/Vol10Iss2/Vol10 Iss2McGahie.pdf?ref=barkandwhiskers.com). Para estimular o consumo, esconda alguns arilos (os “gominhos”) da romã no alimento do pet.

Avocado e abacate

É sempre bom repetir: a polpa (a parte que a gente come) do abacate e avocado é segura a cães e gatos. Essas frutas figuram em listas de alimentos proibidos porque sua casca, folhas e caroço contêm alto teor de persina, uma toxina. Avocado e abacate são ricos em vitamina K, ácido fólico, vitamina C, potássio (mais que a banana!), vitaminas B5 e B6, colina e vitamina E, além de fornecerem lipase, que convenientemente ajuda a digerir a (boa!) gordura contida neles.

Maçã

O ácido clorogênico presente na polpa da maçã tem efeitos antidiabéticos, anticarcinogênicos, antiinflamatórios e antiobesogênicos, segundo estudos (doi: 10.1007/s00394-017-1379-1). Essa fruta favorita de muitos cães também ajuda a aliviar inflamação intestinal e tem efeito prebiótico graças à presença de suas catequinas e pectina, um tipo de fibra solúvel. Para melhorar, apresenta quercetina, flavonóide com efeitos antihistamínicos, ou seja, que ajuda a reduzir quadros alérgicos.

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Sylvia Angélico
Médica Veterinária
pós-graduada em Nutrição Animal
CRMV-SP 29945

Comunicado Cachorro Verde

As informações divulgadas em nossas postagens possuem caráter exclusivamente educativo e não substituem as recomendações do médico-veterinário do seu cão ou gato. Por questões ético-profissionais, a Dra. Sylvia Angélico não pode responder certas dúvidas específicas sobre questões médicas do seu animal ou fazer recomendações para seu pet fora do âmbito de uma consulta personalizada. Protocolos de tratamento devem sempre ser elaborados e acompanhados pelo médico-veterinário de sua confiança. Obrigada por acompanhar os canais do Cachorro Verde!