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Havendo condições ($) a meu ver todos os cães, independentemente da dieta que seguem (se AN, se ração), deveriam fazer exames regularmente. Eles ajudam a fechar diagnósticos e se realizados periodicamente permitem detectar uma doença no comecinho, com muito maiores chances de cura/controle. Para um olhar profissional cuidadoso e treinado exames podem sugerir excessos, deficiências e desbalanços muito antes de surgirem sintomas.

Quase toda semana diagnostico erliquiose (uma das principais “doenças do carrapato”) em cães completamente assintomáticos, através do exame “sorologia para Ehrlichia canis com titulação de anticorpos IgG”. Na semana passada descobri que nossa Teckel de 16 anos, a Maya, se tornou nefropata (doente renal crônica). Os exames dela de junho de 2019 ainda não apontavam isso, mas com peludos idosos a coisa pode mudar radicalmente de um semestre para o outro. E por esse motivo recomendo submeter pets geriátricos a check-ups 2 a 3x por ano.

Antes de elaborar o plano dietético de um paciente gosto de ver os resultados de seus exames mais recentes (de até 12 meses atrás se for um cão jovem/adulto, e de até 6 meses atrás se for um peludo velhinho). Se ele nunca foi submetido a exames, mas é jovem e aparenta estar bem, posso combinar com o tutor de realizarmos o check-up depois de 2 meses de instituição da Alimentação Natural, quando os resultados refletirão a nova dieta.

Geralmente solicito hemograma, uréia e creatinina (função renal), ALT (função hepática), ultrassonografia abdominal, cálcio iônico (é o cálcio iônico – e não o cálcio total, que verifica se o aporte de cálcio da dieta está adequado) e exames completos de fezes para cães jovens.

Em raças predispostas a dislipidemias (aumento das taxas de triglicérides e colesterol), como Schnauzers, Yorkies, Pugs e Shelties, e para todos os pacientes acima de 5 anos, solicito também dosagem de triglicérides e colesterol. Para raças com tendência a formação de cristais e cálculos urinários – Schnauzers, Yorkies, Buldogues ingleses, Shih Tzus, Pugs e Lhasas – solicito também urinálise (urina tipo I), fósforo e magnésio.

Para a maioria dos pacientes acima de 6 anos solicito fosfatase alcalina, triglicérides, colesterol total e frações (para avaliar as frações individualmente – HDL, LDL e VLDL), glicose, ecodopplercardiograma, eletrocardiograma e exames de investigação da saúde tireoidiana (TSH, T4 livre, T4 total) e adrenal (um bom exame de triagem para hiperadrenocorticismo é “relação cortisol urinário:creatinina urinária”) se houver suspeita de um desses quadros. Para os idosos entram também SDMA, exame complementar para avaliação da função renal, e aferição de pressão arterial.

Os exames que listei no terceiro parágrafo já fazem uma boa varredura inicial. O resultado de um simples hemograma pode sugerir anemia, infecção, inflamação, deficiência de ferro, niacina e/ou vitamina B12, alterações nas plaquetas, imunidade baixa e elevações no cortisol. Uma ultrassonografia abdominal bem feita pode revelar cistite, presença de sedimentos urinários, pancreatite, nódulos (em fígado, baço etc), colite, enterite, cálculos na vesícula biliar, aumento das glândulas adrenais e alterações no aspecto dos rins. É um excelente e abrangente ponto de partida para outras investigações.

Exames são caros e nem sempre uma ampla variedade deles está disponível em todas as cidades. Por isso procuramos ser estratégicos ao solicitá-los. Lembrando que a análise que o profissional faz dos resultados, cruzando-os com dados clínicos e com o histórico de saúde do animal, são tão importantes quanto a qualidade do exame em si.

E não se esqueça de se informar com o laboratório sobre o período de jejum de sólidos e de líquidos requerido para colher sangue, urina, fazer ultrassonografia etc. O jejum feito incorretamente interfere com os resultados dos exames.

Sylvia Angélico
Médica Veterinária pós-graduada em Nutrição Animal
CRMV-SP 29945

 

Comunicado Cachorro Verde

As informações divulgadas em nossas postagens possuem caráter exclusivamente educativo e não substituem as recomendações do médico-veterinário do seu cão ou gato. Por questões ético-profissionais, a Dra. Sylvia Angélico não pode responder certas dúvidas específicas sobre questões médicas do seu animal ou fazer recomendações para seu pet fora do âmbito de uma consulta personalizada. Protocolos de tratamento devem sempre ser elaborados e acompanhados pelo médico-veterinário de sua confiança.

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