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Doença Renal Crônica é um dos quadros mais frequentes em cães e gatos idosos, embora infelizmente possa aparecer em qualquer idade. É caracterizada pela verificação de anormalidades na função e/ou na estrutura dos rins. Os primeiros sinais clínicos de que o peludo pode estar desenvolvendo DRC são aumento da ingestão de água sem explicação, consequentemente aumento das micções (e o xixi fica clariiinho, parecendo água) e perda de apetite.

Exames que investigam a suspeita são a dosagem de uréia, creatinina, fósforo, SDMA, relação proteína:creatinina urinária, urinálise, ultrassonografia abdominal e aferição de pressão arterial. Com base nos resultados desses exames a DRC é classificada em estágios (I, II, III, e IV) segundo as diretrizes do IRIS (International Renal Interest Society – link ao final da postagem).

A DRC é uma doença progressiva, mas com modificações dietéticas associadas a outras medidas (farmacológicas e/ou Homeopatia, Acupuntura, Ozonioterapia, Medicina Nutracêutica etc) é possível aumentar o tempo e a qualidade de vida e prevenir ou minimizar os seguintes fatores associados ao quadro:

  • acidose metabólica
  • desidratação
  • perda de proteína na urina (proteinúria)
  • retenção de toxinas no sangue
  • perda muscular
  • gastrite, anemia e desnutrição
  • hipertensão arterial
  • aumento da taxa de fósforo no sangue, levando ao hiperparatireoidismo secundário renal (um quadro grave em que os ossos sofrem desmineralização e o rim sofre grande prejuízo)
  • a própria progressão da doença

A DRC, ao contrário do que muita gente ainda pensa, NÃO é causada pelo teor de proteína da dieta. A doença tem a ver com inflamação crônica, idade avançada, grau de hidratação inadequado, abuso de certos tipos de fármacos, hipertensão arterial, doenças infecciosas (piometra, erliquiose, cistites de repetição), exposição a toxinas, predisposição racial (alô Yorkies e Schnauzers), defeitos congênitos, cálculos renais e até doença periodontal (sim, o tártaro nos dentes).

Quando a DRC é diagnosticada o tutor NÃO PRECISA obrigatoriamente trocar a Alimentação Natural (AN) pela ração “Renal”. Existe a opção – na minha opinião, muito mais saudável – de procurar um profissional para montar um plano dietético sob medida para o quadro clínico e para o estágio da DRC em que o paciente se encontra. Mas não mantenha o pet na mesma dieta natural de manutenção ou tente ajustar a dieta por conta, sem orientação e acompanhamento profissional. Você pode acabar piorando muito a condição renal dele. Pets nefropatas possuem requerimentos nutricionais bastante diferentes de pets saudáveis.

A dieta precisa ser variada (nefropatas “enjoam” muito rapidamente das receitas), atraente ao paladar (aquecer de leve as refeições e acrescentar gorduras saudáveis ajudam bastante), naturalmente úmida para ajudar com a hidratação e eliminação de toxinas (AN fornece até 7x mais água que a ração seca), restrita em fósforo (fundamental!), com teores geralmente mais baixos de proteína (mas atenção: não se deve JAMAIS abolir a proteína da dieta) e acrescida de ácidos graxos ômegas-3 EPA e DHA (de óleo de peixe ou óleo de krill).

Finalmente, água fresca deve ser mantida sempre à vontade e o monitoramento clínico e com exames, feito de forma periódica, é muito importante. Se o peludo se recusa a se alimentar por 2 dias seguidos, pode ser indicada a colocação de uma sonda naso-esofágica ou enteral para administração de alimento pastoso. Nutracêuticos como vitamina E, coenzima Q10, complexo B em altas doses, vitamina C, probióticos, N-acetilcisteína, resveratrol e vitamina D3 podem ser altamente benéficos ao quadro – converse a respeito com a vet do seu cão ou gato! 😉

Referências:

 

Sylvia Angélico
Médica Veterinária pós-graduada em Nutrição Animal
CRMV-SP 29945

Comunicado Cachorro Verde

As informações divulgadas em nossas postagens possuem caráter exclusivamente educativo e não substituem as recomendações do médico-veterinário do seu cão ou gato. Por questões ético-profissionais, a Dra. Sylvia Angélico não pode responder certas dúvidas específicas sobre questões médicas do seu animal ou fazer recomendações para seu pet fora do âmbito de uma consulta personalizada. Protocolos de tratamento devem sempre ser elaborados e acompanhados pelo médico-veterinário de sua confiança.

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