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O peludo vai fazer xixi…e o xixi não sai. Ou sai em um fluxo muito fraco. A urina pode sair com sangue e/ou cristais (parecem areia) – e em alguns casos até com uma “pedrinha” (o termo médico é urólito). Em muitos casos, contudo, o pet não apresenta nenhum sinal clínico aparente e a urolitíase (o termo dado à presença de cálculos no trato urinário) é detectada por acaso durante a radiografia ou ultrassonografia abdominal.

A urolitíase é um quadro relativamente comum e prevalente em certas raças de cães – Shih Tzu, Pug, Schnauzer, Buldogue Inglês, Yorkshire Terrier, Lhasa Apso, Bichon Frisé – mas pode acontecer em qualquer cão ou gato, principalmente se houver condições favoráveis para seu surgimento.

Urólitos podem se alojar na bexiga (mais comum), nos rins (menos comum) e nos ureteres (os canais que conduzem a urina dos rins para a bexiga) e uretra. Mais comumente os cálculos são de estruvita (fosfato de amônio magnesiano hexahidratado) ou oxalato de cálcio. Mas podem ser de urato de amônio (frequente em Dálmatas), de cistina, sílica ou mistos, que é quando um cálculo é formado simultaneamente por estruvita e oxalato de cálcio, por exemplo.

Cada tipo de cálculo exige um cuidado dietético e de manejo diferente. Para conhecer a composição dos cálculos é preciso removê-los cirurgicamente e enviá-los para o exame de análise qualitativa e quantitativa – um cuidado que muitas vezes é lamentavelmente negligenciado por alguns colegas. Mas podemos deduzir a composição dos cálculos através do exame de urinálise (ou urina tipo I). Não é regra, mas um pH urinário mais ácido (5.0-6.0) e presença de cristais de oxalato de cálcio indicam que os cálculos são de oxalato de cálcio. Já um pH urinário alcalino (7.0-9.0), presença de bactérias e cristais de fosfato indicam que os cálculos são de estruvita.

Urólitos de oxalato de cálcio infelizmente não podem ser dissolvidos. Quando são muito pequenininhos o pet até pode conseguir eliminá-los na urina, mas isso não é comum e pode ser muito doloroso. Esse tipo de cálculo geralmente precisa ser removido cirurgicamente. Uma dieta caseira com restrição de ácido oxálico (sem soja, quiabo, batata-doce, inhame, batata inglesa, cenoura, salsinha, beterraba, damasco e espinafre) e complementada com citrato e magnésio costuma ser eficiente na prevenção de novos cálculos desse tipo.

Com os cálculos de estruvita costuma ser o contrário. Quando descobrimos uma pequena quantidade desses urólitos é possível instituir um protocolo para tentar dissolvê-los antes de partir para a cirurgia. Acidificantes de pH urinário, dieta com menor teor de fósforo e magnésio e fármacos para tratamento de cistite bacteriana (quando há infecção presente) ajudam a dissolver esses cálculos.

Para tratar TODO E QUALQUER tipo de cálculos é fundamental manter a urina do peludo clarinha e diluída. Podemos aumentar a ingestão de água do cão adicionando um pouquinho de água às refeições dele – mas sem exagerar. Sugestão: duas colheres de sopa de água por refeição para cada 5kg de peso do cão até um máximo de 8 colheres de sopa para cães de porte grande e gigante. Mas não faça isso se seu cão não produz urina sempre muito concentrada e não apresenta histórico de cristais e cálculos urinários.

Fazer xixi com frequência é igualmente importante: pelo menos 4 a 5 xixis AO LONGO do dia. Sim, todos aqueles xixis feitos em um passeio contam como um só xixi. Assim haverá constante eliminação de bactérias e cristais antes que estes evoluam para cálculos.

Seu cão é de uma das raças com tendência à urolitíase? Solicite ao vet o exame de urinálise (urina tipo I) para verificar fatores predisponentes à condição, como pH muito ácido ou muito alcalino, presença urinária de cristais e/ou de bactérias e concentração excessiva do xixi. Mas atenção: para podermos confiar nos resultados o cão precisa estar em jejum total de sólidos há pelo menos 8 horas, mas com água mantida à vontade. A urina deve preferencialmente ser colhida no laboratório, por punção da bexiga (cistocentese) ou cateterismo (sonda). Ter comido antes da coleta resulta em uma urina de pH alcalino. E o xixi colhido diretamente no copinho se contamina com bactérias presentes na mucosa genital. Finalmente, exames de imagem poderão mostrar se já existem cálculos formados no trato urinário.

E por que preferir Alimentação Natural (AN) à ração seca para controlar esses quadros? Porque além de ser mais saudável a AN contém cerca de 7x mais água que a ração. Mas, calma, não é toda e qualquer AN que vai ajudar a controlar o quadro. Se seu peludo tem urolitíase ele provavelmente precisa receber uma versão especial da AN, com restrições e adições que são importantes para o sucesso do tratamento. Por isso procure orientação de um bom vet “nutri”!

Consulte um veterinário que trabalhe com Alimentação Natural para te ajudar com a dieta do seu peludo. Veja aqui nossa lista de indicações de profissionais de diversas regiões de Brasil.

Referências:

 

Sylvia Angélico
Médica Veterinária pós-graduada em Nutrição Animal
CRMV-SP 29945

 

Comunicado Cachorro Verde

As informações divulgadas em nossas postagens possuem caráter exclusivamente educativo e não substituem as recomendações do médico-veterinário do seu cão ou gato. Por questões ético-profissionais, a Dra. Sylvia Angélico não pode responder certas dúvidas específicas sobre questões médicas do seu animal ou fazer recomendações para seu pet fora do âmbito de uma consulta personalizada. Protocolos de tratamento devem sempre ser elaborados e acompanhados pelo médico-veterinário de sua confiança.

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