O encerramento do ano – acho que de todo ciclo, né? – nos convida a fazer balanços. Comemoramos nossas superações e reconhecemos nossas limitações. No que a gente pode melhorar? O que a gente pode (e deve) deixar pra lá? Que atividades e indivíduos realmente mereceram os nossos recursos mais preciosos: amor, energia, tempo?
Incluo nessa meditação as minhas companheirinhas peludas: Polly, cachorrinha de pelo menos 13 anos e meio. E Lenù, a gatinha de 1 ano. Estou feliz comigo mesma por ter conseguido passear com a Polly pelo menos 1h todo santo dia e por ter escovado os dentinhos dela diariamente. (Fomos na dentista dela no mês passado e recebemos muitos elogios. Se eu continuar assim, a Polly não vai precisar passar tão cedo por outra limpeza de tártaro.)
Mas não levei a Polly para fazer exames completos de check-up geral, mesmo na ausência de sintomas. E não me organizei ainda para dedicar pelo menos 30 minutos diários para brincar com a gatinha Lenù em casa ou levá-la para passear de guia e peitoral. Durante toda a pandemia trabalhei em casa e a Lenù participa das minhas tarefas – até acompanha algumas sessões online de consultoria – mas confesso que não é todo dia que eu me sento para interagir exclusivamente com ela. Ela é viciada em caçar fiozinhos.
No mais, ambas continuam recebendo Alimentação Natural crua. Lenù come Original BARF e Polly recebe porções formuladas por mim e preparadas pela Xig Pet. Continuo restringindo alimentos que não são adequados a elas (pão, farinhas, açúcar, processados etc), mantendo as duas no peso saudável, oferecendo água filtrada e reduzindo a exposição delas a vacinas desnecessárias, vermífugos, pesticidas etc.
Mas, principalmente, a gente se curte muito. O passeio diário com a Polly é um momento de conexão e relaxamento. A gente se entreolha, corre da chuva, eu fico atenta às preferências dela por esse ou aquele caminho. Lenù geralmente fica numa caixa de papelão ao meu lado ou sobre o encosto da minha cadeira. Ela é muito conversadeira e uma excelente parceira para cochilos no sofá.
A vontade de aproveitar a companhia dos nossos bichos por mais tempo faz a gente se perguntar se pode melhorar o manejo deles em mais algum aspecto. Como mencionei acima, para o ano que vem quero estabelecer uma rotina de brincadeiras/passeios regulares com a Lenù e levar a Polly para fazer exames geriátricos completos. E você? O que gostaria de fazer diferente no cotidiano com seus peludos?
Como veterinária proativa gostaria de sugerir algumas questões que considero muito, muito importantes para o bem-estar e a saúde dos nossos cães e gatos. A maioria delas não custa dinheiro, embora exija algum tempo e organização. A idéia não é implementar tudo de uma vez. Perfeição não existe. Até porque, além dos pets, temos a nós mesmos, nossos entes queridos, nossa casa, trabalho e todos exigem nosso tempo e atenção. Mas pode ser possível melhorar algum ponto. Um novo hábito por vez, dentro da sua realidade.
1- Bora se mexer!
Veja o que pelo menos 20 minutos diários – ou 3 dias por semana – de exercício físico aeróbico pode fazer pela saúde do seu pet:
– Relaxamento e sono melhor
– Redução de comportamentos destrutivos, coprofagia e auto-mutilação
– Preservação da massa muscular
– Estímulo ao apetite e à sede
– Lubrificação das articulações
– Fortalecimento do vínculo com você
– Diminuição dos níveis de gordura e açúcar no sangue
2- Estímulo mental
Oferecer distração e estímulo para a “cuca” do pet mantém o cérebro jovem, reduz problemas comportamentais e proporciona oportunidades para a expressão de comportamentos típicos da espécie. Algumas idéias: mude o trajeto das caminhadas, inclua seu cão nos afazeres e reserve parte do passeio para deixá-lo cheirar tudo o que quiser sem distrações. Gatos costumam adorar caixas de papelão, escalar objetos e ficam intrigados se servimos suas refeições em locais diferentes. Descubra o que estimula o seu pet!
3- Tempo de qualidade
Sabe aquela soneca com o pet no sofá? O momento de ler com ele encostado na gente? A pausa para um café na rua com o peludo no pé? Sentar na pracinha e observá-lo interagir com os cães da vizinhança? Aquela massagem/coçadinha caprichada que ele adora? Esses pequenos e deliciosos rituais que a gente desenvolve com o pet proporcionam intenso bem-estar às duas partes. Não deixe de cultivá-los.
4- Saúde oral
O mau hálito é sinal que mais incomoda os tutores, mas ele é só a ponta do iceberg. A doença periodontal, quando instalada, causa dor, leva a perda de dentes e é uma baita porta de entrada para bactérias que prejudicam seriamente os rins, coração e articulações dos pets. Viu placas aderidas aos dentes do peludo? Hora de consultar o vet. E, se possível, de começar a escovar regularmente os dentes do pet.
5- Dieta saudável
Prefiro Alimentação Natural equilibrada, carnívora ou onívora, a ração. Mas há situações em que não é possível abandonar a dieta industrializada. Nesse caso, se informe sobre enriquecer a ração com um pouco de alimentos nutritivos (temos um post sobre isso), como ovos, carnes magras, vegetais, fermentados e um pouquinho de vísceras. Esses alimentos fornecem variedade de elementos benéficos, como probióticos, aminoácidos, ácidos graxos, antioxidantes e água.
6- Repense o que pode fazer mal
Existem alternativas aos pesticidas sintéticos indicados para o controle de pulgas e carrapatos. Cães e gatos não precisam tomar todas as vacinas que existem anualmente. Diversos quadros de saúde podem ser manejados sem antibióticos e antiinflamatórios. Vermífugos são mais efetivos como tratamento de parasitos intestinais do que como preventivo. Com bom senso (sempre!) e orientação de uma vet experiente em medidas integrativas é possível reduzir de maneira segura a exposição do pet a condutas com maior risco de causar reações adversas.
7- Peso saudável
O excesso de peso torna o pet indisposto, dificulta a sua respiração e a regulação da temperatura corporal, agrava processos inflamatórios, desgasta as articulações, diminui a imunidade, eleva a pressão arterial (o que danifica os rins), aumenta o risco de pancreatite e diabetes e é cientificamente comprovado que reduz o tempo de vida do pet.
Como grande parte dos pets tem um apetite insaciável, PELO BEM DELES a gente precisa racionar a sua dieta, maneirar em petiscos e proporcionar atividade física regular.
8- Vet parceiro
O veterinário é o médico de família do nosso pet. É importante contar com a orientação e a parceria de uma vet que conheça nosso peludo, em quem a gente confie e se sinta à vontade para expôr nossas preocupações. Se você valoriza uma conduta proativa (com enfoque em prevenção de doenças) e integrativa (que associa medidas complementares e, quando necessário, alopatia) busque indicação de vets que atuem dessa maneira. O relacionamento é infinitamente mais produtivo quando os posicionamentos são similares.
E, antes que a gente esqueça, nós do Cachorro Verde, desejamos a vocês e aos seus peludos um Feliz Ano Novo! Repleto de esperança, saúde e paz.
Sylvia Angélico
Médica Veterinária pós-graduada em Nutrição Animal
CRMV-SP 29945
Comunicado Cachorro Verde
As informações divulgadas em nossas postagens possuem caráter exclusivamente educativo e não substituem as recomendações do médico-veterinário do seu cão ou gato. Por questões ético-profissionais, a Dra. Sylvia Angélico não pode responder certas dúvidas específicas sobre questões médicas do seu animal ou fazer recomendações para seu pet fora do âmbito de uma consulta personalizada. Protocolos de tratamento devem sempre ser elaborados e acompanhados pelo médico-veterinário de sua confiança.
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